11 de junho de 2012 | 08:03

Jabuti criando asa, por Ivan de Carvalho

salvador

Já não dá mais para considerar o deputado Nelson Pelegrino, do PT, como um candidato a prefeito em dificuldades, devido à decolagem de jabuti que empreendia nas pesquisas eleitorais, apesar dos esforços de seu partido e das articulações políticas lideradas pelo governador Jaques Wagner.

Com a decisão tomada pelo PP de não lançar candidato próprio à prefeitura e apoiar o candidato petista, Pelegrino ganhou três prendas. Uma, o apoio do PP, com o que ele pode agregar de tempo à propaganda eleitoral dita gratuita no rádio e na televisão para sua chapa.

Outra, a malvada extinção da candidatura do deputado João Leão, ex-chefe da Casa Civil do prefeito João Henrique e que deixou o cargo para habilitar-se à candidatura a prefeito, que então contava com o apoio aparentemente firme do chefe do Executivo municipal.

O PP, como partido, obteve dois ganhos. Um, maior integração e, supõe-se, influência na coalizão de partidos formada em torno do governador. Outra – a julgar por todos os indícios, apesar do esperneio periférico –, a vaga para vice-prefeito na chapa de Pelegrino, a ser ocupada pelo ex-secretário de Transportes e Infraestrutura de Salvador, José Mattos. Apesar disso, o PP sofreu um prejuízo – perdeu a oportunidade de, com a candidatura e a campanha de João Leão, mesmo para não ganhar as eleições, plantar semente no eleitorado da capital.

Não é, porém, somente o que já foi mencionado que fortalece a candidatura de Pelegrino. É que esta já contava com uma retaguarda em que se incluem as máquinas estadual e federal. Agora, em tese, com o apoio do PP, partido do prefeito João Henrique, acrescenta a máquina pública municipal – a terceira prenda. Digam o que disserem, as máquinas contam.

Mas por que em tese? Bem, em março, a bancada municipal do PT ratificou a decisão da Executiva municipal petista para que sejam rejeitadas as contas do prefeito. Ainda as de 2010. Está registrado na mídia da época. Inclusive um monte de razões dadas pelo líder do PT, Henrique Carballal, para justificar a rejeição. Até hoje as contas não foram votadas. Quando serão?

E qual a posição que terá a bancada do PT agora, se o PP, partido do prefeito, passou a ser seu aliado em nível municipal? Se a bancada do PT mantiver a posição, pode ser que o prefeito resolva cuidar de sua vida de prefeito e esqueça – junto com a máquina – a campanha eleitoral de Pelegrino. Mas, claro, a Executiva e a bancada do PT podem fazer uma releitura do parecer do Tribunal de Contas e reformular sua posição. Mesmo assim, ficaria ainda faltando saber se o PT vai, na campanha, defender a administração João Henrique, mas ora vejam só!…

Tem mais sucessão. Ontem, a convenção do PDT decidiu não decidir. O partido está divido em três correntes. Uma quer apoiar Pelegrino, outra ACM Neto e outra prefere lançar candidato próprio, que seria Félix Mendonça Jr.. O deputado Marcos Medrado já fugiu da raia, como de hábito. Então anunciaram que vão lançar candidato próprio ou indicar o vice de algum candidato (Pelegrino ou ACM Neto) a que se aliarem. Mas Pelegrino já tem vice.

Aliás, antes de José Mattos, seu vice, tido mas não mantido, foi o deputado Alan Sanches, muito bem votado em Salvador e ex-presidente da Câmara Municipal, onde fez gestão bem avaliada.

Mas o PSD, atual partido dele, tem uma capacidade de autoimolação inesgotável. Não sei se é também o caso do PSL, que condiciona (de verdade ou para barganhar espaço) apoio a Pelegrino só se puder indicar o deputado Deraldo Damasceno para candidato a vice-prefeito. E o PSB?

Ivan de Carvalho, Tribuna da Bahia
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