29 março 2024
Nas democracias avançadas, quando se fala em pesquisa, subentende-se “de opinião pública”. São tão habituais que é desnecessário explicá-las.
No Brasil, acontece um fenômeno diferente. A palavra pesquisa está fortemente ligada ao contexto político-eleitoral. Ela se confunde com a ideia de “intenção de voto”.
Nosso sistema político usa muito parcimoniosamente as pesquisas de opinião pública. Temos, por exemplo, a cada semestre, não mais que três ou quatro pesquisas – destinadas à divulgação – de avaliação do governo federal e de aspectos específicos da realidade nacional.
É claro que existem outras, feitas para consumo interno – de monitoramento de opiniões e sentimentos ou para subsidiar a política de comunicação do governo. Também acontecem pesquisas para identificar modos de utilização e níveis de satisfação com políticas particulares. São raramente publicadas.
Algo semelhante ocorre no plano estadual e municipal. Governos estaduais e prefeituras mandam fazer pesquisas análogas às que a União contrata – sempre de uso restrito.
A população só tem acesso, portanto, às poucas que a imprensa e algumas entidades – em especial as organizações patronais – mandam fazer.
É menos que o padrão internacional.
Até os maiores grupos de comunicação não consideram – pelo que parece – necessário saber o que pensa a opinião pública. Se aprova ou desaprova medidas tomadas pelos governos, se concorda ou discorda com propostas em discussão, se faz ou deixa de fazer alguma coisa.
Salvo exceções – muitas de relevância menor (“Qual o time de futebol com mais torcedores?”) – a imprensa realiza seu trabalho sem dar importância às pesquisas de opinião.
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Marcos Coimbra