Foto: Emerson Nunes / Arquivo / Política Livre
Walter Pinheiro - eleição ao Senado é devida a Wagner 11 de setembro de 2013 | 09:39

Porque Jaques Wagner não quer Pinheiro candidato

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O senador Walter Pinheiro tem feito um esforço desmedido para desmentir a informação, que circula cada vez com mais intensidade no PT, de que não terá alternativa senão abrir mão da disputa pela indicação do partido para candidato à sucessão do governador Jaques Wagner, no que seria acompanhado por pelo menos mais dois dos quatro pré-candidatos que estão no mesmo patamar que ele.

Bom orador, com histórico de serviços prestados ao PT, Pinheiro tem inegável prestígio em determinados setores da militância petista, o que é um ponto forte para a sua pré-candidatura. Quando fala em eventos do partido, o senador muitas vezes levanta poeira e anima parte da platéia com a expectativa de que pode ser o nome para concorrer ao governo do Estado.

O problema é que lhe falta apoio do maior cabo eleitoral da legenda, o governador Jaques Wagner, que tem um nome preferido para a disputa, embora, por uma questão de estratégia e estilo, não o alardei como também não o esconda de ninguém. Wagner possui outro bom motivo para não apoiar Pinheiro.

Confiante na vitória do PT à sua sucessão, o governador não vê sentido em que o companheiro abra mão dos quatro anos de mandato que lhe restam como senador, entregando tempo tão precioso no Senado a outro partido da base, no caso, o PP, que indicou seu primeiro suplente.

É, pelo menos, o argumento mais frequente que tem usado quando conversa sobre a inviabilidade da pré-candidatura de Pinheiro com gente do partido e do governo. E há quem extenda a aplicação da mesma tese usada por Wagner para o caso da senadora Lídice da Mata, cujo partido, o PSB, tem insistido em que seja candidata como alternativa aos nomes existentes no PT. Por que Lídice abriria mão de quatro anos de mandato?

O resto, envolvendo Pinheiro, tem muito de um certo folclore negativo que acompanha o petista desde que, no início do governo Lula, numa espécie de rompante midiático, ameaçou até deixar o partido por suposta revolta contra medidas que o PT criticara na oposição e passara a adotar no poder.

O comportamento teria rendido ao petista uma pecha que oscila entre os adjetivos de “infiel e pouco confiável”, com a qual Wagner compartilha, intimamente, desde os tempos em que os dois eram colegas na Câmara – quem conviveu com o governador no período sabe muito bem disso.

Exatamente por não ser do seu feitio, Wagner não esconde o seu desagrado com políticos que jogam para a platéia sem se importar muito com o resto. O perfil atribuído ao senador pode estar na origem do buxixo recente alimentado no PT, provavelmente por adversários internos de Pinheiro, por ocasião da mais recente passagem de Lula pela Bahia.

O mexerico informa que, numa roda muito restrita, o ex-presidente da República, demonstrando que continuam fortes as restrições que faz a Pinheiro desde o seu primeiro governo, teria dito, em tom de brincadeira, que, dentre os quatro pré-candidatos do PT a governador da Bahia, só não apostaria no senador.

E que Wagner, dando gás à troça, a completara com a seguinte frase: – Esse risco não há, presidente! De forma que Pinheiro pode até se tornar o candidato do PT a governador, mas terá que contar inteiramente com a ajuda do destino. Por enquanto, seria melhor esperar que dêem certo articulações iniciadas por algumas cabeças petistas que pensam em emplacar um baiano do PT como ministro, desde que Wagner apóie.

Raul Monteiro
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