Foto: Manu Dias/Arquivo/Agecom
Governador Wagner em Sauípe no dia do sorteio oficial dos grupos da Copa 09 de dezembro de 2013 | 08:04

O jornalista alemão, Wagner e a saia apertadinha

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Uma semana após ter sido escolhido candidato do PT à sucessão estadual, o chefe da Casa Civil do Estado, Rui Costa, provou do gostinho amargo do que representa protagonizar a antecipação de uma campanha eleitoral. Numa prova de que as oposições não estão tão erradas quando consideram que a exposição prolongada à chuva e ao sol é tarefa dura, Rui sofreu até agora provavelmente o mais desconcertante ataque à sua figura pública e pessoal desde que resolveu exercer a atividade mais aviltada de que se tem notícia no mundo.

Num artigo publicado no jornal A Tarde, em sua edição de sábado, o talentoso escritor baiano Antonio Risério resolveu aplicar um sem número de adjetivos nada lisonjeiros ao candidato do governador Jaques Wagner às eleições. Risério ficou aparentemente indignado com o fato de Rui ter criticado uma suposta intromissão na campanha baiana por parte de um pernambucano, o governador Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência da República, maior responsável pela entrada da senadora Lídice da Mata (PSB) na disputa pelo mesmo cargo que o petista cobiça.

Definindo-se antecipadamente, ao que parece, pela candidatura da própria Lídice, o escritor, depois de lembrar que o ex-presidente Lula é pernambucano também, que o governador Jaques Wagner é carioca e que a presidente Dilma Rousseff é mineira, para mostrar o quanto as declarações de Rui foram “provincianas” e “preconceituosas”, questionou até a capacidade do candidato petista de pensar. Mas se o texto de Risério pode ser considerado um verdadeiro morteiro a que até agora o PT e a assessoria de Rui devem estar pensando em como contra-atacar, as críticas não são as únicas nem as mais pesadas a que ele terá que responder como candidato governista oficial.

Esta semana, por exemplo, quando o governador Jaques Wagner comemorava, sorridente, o sorteio dos grupos da Copa, durante entrevista em Costa de Sauípe coalhada de jornalistas estrangeiros, um repórter alemão o colocou numa saia mais justa do que a de muita periguete que andava rondando o pedaço. Naquele sotaque ríspido típico da língua germânica, quis saber o rapaz, genuinamente, se os turistas de seu país que quiserem ver Alemanha x Portugal, na Fonte Nova, deveriam tomar cuidado pelo fato de Salvador ser a sub-sede do mundial no Brasil com maior índice de homicídios.

A imprensa presente disse que a fisionomia de Wagner evoluiu do amarelo cinza para o vermelho ruborizado, mas que ele foi capaz de segurar a peteca e responder, com os dados de que o governo dispõe, que o caso não é bem assim. Ou melhor, que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, como disse certa vez o célebre filósofo Bambam. O que não sabia o repórter alemão é que ele estaria antecipando o tema que provavelmente vai colocar Rui, durante a campanha que já está começando por iniciativa do seu governo, em figurino muito mais apertadinho do que o que muita periguetona bota para desfilar por aí.

Afinal, não é preciso ser europeu para ter medo de ir à esquina com um celular, uma aliança no dedo, um cordão de ouro no pescoço e um relógio no pulso, não importa a marca. A sensação crescente de insegurança a que os baianos estão sendo submetidos vai naturalmente se tornar um tema predominante das discussões sobre as quais terão que se debruçar os candidatos a dirigir a Bahia a partir de 2014, exigindo, naturalmente, de quem está no poder as respostas mais inteligentes, rápidas e convincentes para o seu enfrentamento.

* Artigo publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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