Foto: Divulgação/Arquivo
Gilberto Farias foi eleito novo presidente da Fieb 06 de fevereiro de 2014 | 09:36

A importância da renovação na Fieb

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Ainda não se entende no meio empresarial baiano que todo mundo sabe não ser tão expressivo em parte devido às adversas condições históricas e conjunturais do Estado o motivo porque a turma próxima ao presidente da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), José de Freitas Mascarenhas, ele próprio um democrata, insiste em querer prolongar a querela em torno das eleições para a sua própria sucessão, na qual logrou sofrer uma derrota da chapa adversária, comandada pelo empresário Gilberto Farias, por uma diferença pequena de votos.

Depois da peleja em que se constituiu o próprio processo eleitoral, com impugnações de ambos os lados que tiveram o condão de trazer a público a existência de uma disputa renhida pelo controle da entidade, as duas chapas aceitaram se submeter às urnas, num reconhecimento ao regime democrático como aquele mais adequado para dirimir as dúvidas com relação à melhor ou pelo menos a mais encantadora plataforma de idéias e propostas para dar prosseguimento ao trabalho de defesa do empresariado local que, diga-se de passagem, vem sendo até agora muito bem executado por Mascarenhas.

Para completar, a comissão eleitoral encarregada de conduzir o processo eleitoral, proceder a apuração dos votos e proclamar a eleição da chapa vencedora e cujos trabalhos se transformaram agora em motivo de questionamento por parte dos derrotados, ao que consta, foi montada seguindo todas as recomendações e preceitos estabelecidos pela situação, não suscitando, até a abertura das urnas, nenhum tipo de crítica de nenhuma das partes com relação à lisura com que teriam se comportado, principalmente, seus membros.

Daí que nas medidas que se anunciam agora contra aquele colegiado por parte da chapa derrotada não se pode ver outro interesse senão o de uma manobra inútil cujo objetivo parece apenas ser o de protelar um resultado de que toda a Bahia tem conhecimento em decorrência da publicidade natural que o assunto ganhou pela importância da própria entidade. A bem da verdade, não se pode enxergar nos números do pleito um julgamento crítico ou mesmo qualquer rejeição contundente ao trabalho realizado até aqui pela situação, integrada, aliás, por figuras do maior gabarito e expressão, a exemplo do próprio presidente.

Antes, o que se observa é a conclusão de uma disputa de projetos, no qual o grupo vencedor foi favorecido pelo aspecto de novidade e o apelo à renovação, incrementado pelo conceito democrático que felizmente se espraia por cada vez um maior número de instituições que faz a defesa plena da alternância de poder como elemento agregador e oxigenador das estruturas que se constituem para representar interesses. Aliás, reconhecer o valor de quem se candidata a representar e se submete a eleições com este propósito, dada a crise de representatividade que se vive no país, é, neste contexto, um ato até de sabedoria para quem já está no poder.

O estímulo ao surgimento de novas lideranças que se proponham a defender classes ou categorias deveria, quando nada, constituir preocupação e pauta permanente de discussão de seus dirigentes. A menos que se deixem influenciar ou sucumbir pela idéia da continuidade a qualquer custo, uma contribuição negativa dada por regimes como o chavismo, para usar uma expressão próxima à nossa existência de latino-americanos, cunhada pelo caudilho Hugo Chaves, de triste memória para a Venezuela onde, aliás, sem demérito nenhum, algumas empresas baianas ganharam muito dinheiro.

* Artigo publicado originalmente na edição de hoje (06) da Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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