Foto: Agência Senado
16 de julho de 2015 | 07:53

Está todo mundo rico, por Raul Monteiro

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Depois da etapa desta semana da Operação Lava Jato, ninguém tem mais dúvidas: o ex-presidente Fernando Collor, aquele que o PT ajudou a escorraçar do poder pela via do impeachment, mas que, em seguida, o então presidente Lula reabilitaria para a política como um de seus principais aliados, deu um grande up grade em sua vida desde aquele triste episódio que se esperava exemplar na história do país. Afinal, um dos motivos que ajudaram na desmoralização de Collor naqueles meses que antecederam sua queda foi a descoberta de que recebera de um “laranja” um Fiat Elba, uma verdadeira carroça, como na época ele se referia com desprezo aos automóveis nacionais.

De lá para cá, e depois que se associou ao Partido dos Trabalhadores, Collor parece ter melhorado infinitamente de vida, desfrutando de bens de consumo mais caros e muito mais luxuosos do que aqueles que provavelmente usava até em Miami, balneário que escolheu para seu temporário exílio – até a chegada do PT ao poder -, após ter sido destituído. Na busca que fizeram na última segunda-feira em sua casa, aquela de triste memória, a da Dinda, agentes da Polícia Federal apreenderam nada menos que três carros dignos de milionários para os quais dinheiro é apenas um detalhe: um Porsche, uma autêntica Ferrari vermelha e um Lamborghini.

Objetos de desejo estimados em mais de R$ 4 milhões. E aí? Collor está ou não está melhor de vida hoje do que antes de ter passado de adversário ferrenho para aliado do PT? Coincidências à parte, o grupo do senador de Alagoas, cujo maior patrimônio declarado e mesmo trunfo político sempre foi a TV de Alagoas, afiliada da Rede Globo no Estado, está sendo acusado pelo delator Ricardo Pessoa de ter embolsado R$ 20 milhões em comissões originárias de um contrato da UTC com a BR Distribuidora. Para a subsidiária da Petrobras, Collor havia indicado, sob o beneplácito da gestão petista, um homem de sua total confiança.

Com efeito, das surpreendentes imagens do trabalho mais recente da Operação Lava Jato sai-se com a nítida impressão de que ser sócio do PT é mesmo um grande negócio. Além de contar com a conivência do partido para praticar toda a sorte de malfeitos em seus governos, pode-se desfrutar do fausto como se vivesse em Mônaco ou veraneasse nos Hamptons. Pelo menos até aparecer um juiz, respaldado no que lhe faculta a lei e lhe indica o bom senso, para desmoralizar e trancafiar os malfeitores.

Juntando-se as peças do noticiário, chega-se à conclusão de que Collor, depois de tudo, é um marajá. Tal e qual muitos petistas de escol. Muitos.
Mas fiquemos só no exemplo do ex-todo-poderoso ministro José Dirceu, condenado e hoje preso em regime semi-aberto por envolvimento no mensalão, que vive impetrando habeas corpus na Justiça com medo de ser re-preso, isto é, preso de novo enquanto já está preso, aparentemente por não conseguir justificar a origem de tantos milhões que lhe foram pagos, segundo ele, a título de consultoria, inclusive no período em que acordava e dormia na prisão. O resultado é que podem até acusar o juiz Sérgio Moro e a Lava Jato, como fez ontem Collor, de serem midiáticos, jogarem para a plateia. Mas enquanto ele conseguir colocar cada vez mais sujeira sobre o tapete, vai seguir inabalável.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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