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Deputado Antonio Brito tem recebido estímulos para se candidatar a prefeito tanto em Salvador quanto em Jequié 23 de julho de 2015 | 07:44

PTB entra no jogo sucessório, por Raul Monteiro

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O encontro que o PTB da Bahia realizou ontem, em Salvador, com lideranças da capital e do interior para discutir seus planos para 2016 é também uma demarcação clara de território por parte do partido no Estado, principalmente com relação à sucessão municipal do próximo ano. Sob uma perspectiva nacional, mas com foco especial em Salvador, a sigla passou meses envolvida numa discussão sobre uma proposta de fusão com o DEM, legenda cuja maior liderança no país hoje é o prefeito da capital baiana, ACM Neto, até que finalmente confirmou-se que a ideia não prosperara.

Com efeito, enquanto as negociações transcorriam, seus líderes na Bahia permaneceram divididos em relação à fusão, alguns manifestando claramente posição a favor, caso do deputado federal Benito Gama, e outros defendendo que a legenda rechaçasse a proposta, a exemplo do deputado federal Antonio Brito e de seu pai, o vereador Edvaldo Brito, figura de laços antigos com Salvador, onde já foi candidato algumas vezes a prefeito e recentemente exerceu também o cargo de vice-prefeito. O ponto final na ideia da fusão abriu, entretanto, outras perspectivas para os petebistas no Estado.

Ou, pelo menos, era o que eles apenas esperavam para se posicionar mais claramente em relação ao futuro próximo. Como já é de conhecimento do mundo político, o deputado Antonio Brito tem recebido estímulos para se candidatar a prefeito tanto em Salvador quanto em Jequié, município onde teve um desempenho extraordinário de 30 mil votos na disputa à Câmara dos Deputados em 2014. Jovem, leve e muito hábil politicamente, além de bem relacionado na Bahia e no país, sobretudo na área de saúde, Brito fez fama de bom gestor em sua passagem pelo comando da Fundação José Silveira.

O fato de estar entre os líderes, no PTB baiano, da ala alinhada ao governo estadual faz com que sua trajetória e perfil estejam sendo vivamente considerados, por exemplo, pelos articuladores políticos do governador Rui Costa (PT), entre os quais a tese hoje prevalecente para a disputa da sucessão de 2016 contra ACM Neto passa pelo lançamento de várias candidaturas no campo governista a fim de levar a eleição para o segundo turno. A tese prospera ante o fato de, pela primeira vez em anos, o PT não ter candidato natural à Prefeitura da capital.

Pode-se dizer, portanto, que, dada a conjuntura, Brito está muito bem posicionado para escolher, caso queira, concorrer à Prefeitura da capital baiana. Obstáculos não lhe serão criados no campo político em que se insere. Muito pelo contrário. As portas estão abertas para que, lançando-se ao eleitorado de Salvador mais diretamente, faça sua primeira disputa majoritária na capital baiana, aparecendo, inclusive, como novidade. O que pode desviar-lhe o caminho são os apelos que vêm de Jequié para que enfrente a sucessão lá, onde sua última votação desconcertou o jogo das lideranças tradicionais.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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