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20 de agosto de 2015 | 07:36

Máquinas de fazer dinheiro, por Raul Monteiro

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Ilegal e, naturalmente, deliberado, o vazamento de informações do COAF sobre a milionária movimentação financeira de uma empresa de Lula no período de quatro anos atingiu o objetivo de quem o promoveu: mostrar que tanto quanto seu ex-todo-poderoso ministro José Dirceu, preso pela segunda vez sob a acusação de participação em esquemas de corrupção envolvendo a máquina federal, o ex-presidente tem um negócio inacreditavelmente próspero com faturamento oriundo quase que exclusivamente de contratos com fornecedoras do governo, a exemplo de empreiteiras investigadas na Lava Jato como a Odebrecht, a OAS e a UTC.

A diferença entre os bem-sucedidos negócios de Dirceu e Lula é, segundo os relatórios vazados ilegalmente do COAF, o valor. Neste caso, a mais para Dirceu, que faturou cerca de R$ 40 milhões, o que inclui o período em que o ex-ministro da Casa Civil de Lula esteve preso depois da condenação no mensalão, enquanto a empresa de palestras e eventos do ex-presidente embolsou quase R$ 30 milhões. Em quatro anos, isto significa que Lula recebeu, em média, R$ 600 mil por mês. Aliás, antecipando-se às investigações que deverão acompanhar a revelação, o Instituto Lula divulgou ontem a lista de clientes e o total de palestras contratadas à LILS.

Foram 41 organizações e instituições que pagaram por 70 conferências de Lula em quatro anos, o que significa que por cada fala sua, com média de uma hora, o ex-presidente faturou em torno R$ 400 mil. Um estouro. Não entra na conta os R$ 4 milhões que o próprio Instituto de Lula recebeu de uma outra empreiteira igualmente investigada. Confirmados os números, sem sombra de dúvidas, Lula, assim como Dirceu, é uma máquina de fazer dinheiro. Um verdadeiro feito para qualquer cidadão, ainda mais político. Aliás, gente como o ex-ministro e o ex-presidente jamais deveria ter enveredado pelo tortuoso caminho da política. Muito menos a esquerdista, avessa por princípio ao capitalismo.

Com tamanha veia empreendedora, capacidade de prestar serviços e integração ao jogo do capital, os dois tinham desde sempre que ter sido empresários. Imagine quantos empregos Lula e Dirceu, juntos ou separados, não teriam gerado com a grande criatividade, senso de oportunidade e garra de que são donos, como o Brasil e o mundo vão aos poucos descobrindo. Quantas perspectivas os dois teriam aberto no mundo dos negócios, quão inovadores não teriam sido, lançando produtos antes inimagináveis e criando mercados nos quais ninguém nunca havia pensado até então.

Uma pena, portanto, que tenham optado por ficar no ramo da política e, juntos, construir um partido com o qual chegariam à Presidência da República depois de convencer a todos, enganosamente, de que iriam revolucionar os costumes vigentes. Pelo que se depreende dos números e do contexto, desconsiderando o princípio, pouco respeitado num país de tradição patrimonialista como o Brasil, segundo o qual política e negócios não se misturam, Lula e Dirceu são a prova viva de que poder, influência e contatos valem ouro. É uma pena também que, com faturamento de grandes empresas, seus negócios não empreguem ninguém, além deles próprios.

Isto significa que estão no topo de um ranking, que ainda não deve ter sido criado em nenhuma parte do mundo, de rentabilidade sideral. Ou, em outras palavras, Lula e Dirceu são verdadeiramente dois fenômenos, no universo, de excepcional produtividade empresarial, um item no qual o país evoluiu quase nada no período em que a turma de ambos o vem comandando por meio do PT. Para ficar só na LILS, iniciais de Luiz Inácio Lula da Silva, o COAF produziu três relatórios sobre suas movimentações financeiras por considerá-las atípicas. E poderiam não ser, Santo Deus!?

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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