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Prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) 29 de outubro de 2015 | 08:24

2016 e 2018 na cabeça, por Raul Monteiro

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A expectativa de poder, este infalível combustível da política, que faz líderes e liderados focarem na mesma direção, está devidamente concentrada no campo das oposições ao governo do Estado na figura do prefeito ACM Neto. A convenção em que seu partido reelegeu o deputado federal José Carlos Aleluia seu presidente, na última segunda-feira, mostrou que ACM Neto não precisa se preocupar com a possibilidade de dividir os holofotes com mais nenhum oposicionista na Bahia como nome forte tanto à sucessão municipal do próximo ano, na qual desponta como candidato natural, como nas eleições estaduais de 2018 e até na longíqua disputa presidencial de 2022.

Muito bem avaliado como gestor em Salvador e líder absoluto das pesquisas de intenção de voto à própria sucessão, o prefeito chegou e deixou o ato como um verdadeiro pop star, tendo que atender a pedidos para tirar fotos com lideranças do interior e da capital até na mesa em que os trabalhos se desenvolviam. Nos discursos que ouviu sentado antes de encerrar o encontro, foi exaltado pelos deputados de seu partido como um autêntico guia ao qual todos buscam associar-se, convencidos de que estar ao seu lado é integrar um grupo político que tem chances concretas de assumir o comando do Estado dentro de no máximo três anos.

Num ambiente político dominado por sua presença e pelo desejo de proximidade com ele, Neto não decepcionou. Pelo contrário, açulou a esperança dos presentes, mas com o cuidado de apresentar-se como um político que não pretende queimar etapas, mas vencê-las, uma a uma, até chegar aonde, naquele espaço, todos pareciam acreditar que é seu destino: a Presidência da República. Por esta cronologia, antes vai tratar com absoluto cuidado da reeleição, que está mais próxima, no ano que vem, e é fundamental a seu projeto de poder, para depois enfrentar a sucessão estadual, em 2018, contra o governador Rui Costa (PT), a qual acredita poder vencer.

A partir daí, a sorte está lançada e ele livre para perseguir a conquista do maior cargo público do país. Ao que parece, sem opositores no seu próprio campo político no Estado, o que já é meio caminho andado. Hoje, o dia a dia do prefeito compõe-se de 90% de dedicação à gestão e à política na cidade. No tempo restante, conversa muito e se reúne com lideranças da capital e do interior e deputados, em seu gabinete, que tratam inevitavelmente do panorama para 2018. O pano de fundo são os acordos que ajuda diretamente a construir para que o DEM e os partidos aliados disputem com chance de vitória a sucessão nos municípios em todo o Estado.

Assim, cumpre fase importante da construção da candidatura ao governo. A atuação tem obedecido, no entanto, a algumas restrições. O prefeito não aceita, por exemplo, convites para participar de eventos políticos no interior. É uma forma de evitar sinais trocados. É preciso passar aos aliados tanto de Salvador quanto do resto da Bahia que seu objetivo agora é se reeleger em 2016. Num contexto assim, só algo pode lhe perturbar a tranquilidade. É a disputa que já se observa entre os aliados pela indicação de seu vice, herdeiro natural de quem deve renunciar na metade do segundo mandato de prefeito para disputar 2018.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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