12 de maio de 2019 | 20:14

Ativistas articulam protestos para agenda incerta de Bolsonaro em Dallas

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Às vésperas da chegada de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, nesta quarta-feira (15), ativistas brasileiros e americanos preparam novos protestos contra o presidente na tentativa de fazê-lo cancelar uma visita de dois dias a Dallas, no Texas, elaborada às pressas pelo Itamaraty. Acadêmicos e grupos ligados principalmente às causas LGBT, mulheres, negros e indígenas organizam manifestações e uma petição contra Bolsonaro sob o argumento de que o presidente brasileiro não é bem-vindo no estado americano por suas posições consideradas homofóbicas e racistas.
“A coisa mais importante sobre a petição [que pede o cancelamento da viagem de Bolsonaro a Dallas] é informar ao público texano sobre as atrocidades desse homem, e estamos conseguindo articular isso”, disse a americana Ellen Waggoner Roeder, da Universidade do Texas. Ela integra o movimento “The Lantern” que, juntamente com o “RES-ATX”, ambos da cidade de Austin, elaborou a petição. A eles, somam-se outros grupos de Dallas que preparam um ato em frente ao World Affairs Councils, onde Bolsonaro deve almoçar com empresários na quarta e receber uma homenagem da Câmara de Comércio Brasil-EUA. “Existem vários grupos nos EUA que se colocaram como oposição ou, no mínimo, no monitoramento da política no Brasil. Junto com o The Lantern, formam o US Network for Democracy in Brazil, relacionados a acadêmicos, e são eles que estão organizando as manifestações”, afirmou o brasileiro Marcelo Domingos. A três dias da chegada de Bolsonaro, aliados do presidente nos EUA ainda não têm detalhes da agenda e nem sobre quem vai acompanhá-lo ao Texas. Eles reclamam da desorganização do governo, que se dividiu sobre o que deveria ser feito após a desistência da viagem a Nova York. A previsão era que Bolsonaro fosse a Nova York nesta terça (14) para receber o prêmio de “Pessoa do Ano”, concedido pela entidade em um jantar de gala que será realizado no hotel Marriott Maquis, na Times Square. O presidente, porém, cancelou a viagem após sofrer pressão de políticos americanos e ativistas, e de três empresas – o jornal Financial Times, a companhia aérea Delta Air Lines e a consultoria Bain & Company –desistirem de patrocinar o evento. O prefeito nova-iorquino, o democrata Bill de Blasio, chamou Bolsonaro de “ser humano muito perigoso” e comemorou a desistência da comitiva brasileira de ir a Nova York. Em nota, o Planalto disse que o cancelamento havia se dado por pressões políticas, principalmente do prefeito. Em Dallas, até agora, o almoço com empresários no World Affairs Councils é o único compromisso confirmado de Bolsonaro. A expectativa da cúpula do Itamaraty é que ele se encontre também com o ex-presidente americano George W. Bush, mas a agenda ainda não foi oficialmente confirmada. Bush é hoje um dos atores políticos dos EUA mais críticos a Donald Trump, com quem Bolsonaro tenta manter um alinhamento quase automático em diversas áreas do governo. O pai de Bush, o também ex-presidente George H. W. Bush, morto no fim do ano passado, disse que havia votado na democrata Hillary Clinton contra Trump em 2016.

Folhapress
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