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11 de agosto de 2019 | 13:00

Assessor paraguaio vinculou empresa alvo de CPI ao governo brasileiro

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Em mensagem enviada ao ex-presidente da Administração Geral de Energia (Ande, a estatal elétrica paraguaia) Pedro Ferreira no dia 1º de julho, o advogado José “Joselo” Rodríguez, assessor jurídico da vice-presidência do Paraguai, associou a empresa Léros, interessada em comprar energia do país vizinho, ao governo brasileiro. A Léros, ligada ao empresário e político Alexandre Giordano (PSL-SP), suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), está na mira de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso paraguaio por suspeita de receber tratamento privilegiado nas tratativas para revenda no mercado brasileiro de um lote de 300 MW de potência da Usina de Itaipu.

A mensagem foi enviada às 17h53 do dia 1° de julho do assessor do vice-presidente Hugo Velázquez ao ex-presidente da Ande. “A proposta da empresa Léros (governo brasileiro) está avançada e será entregue pessoalmente nos próximos dias”, diz o advogado. Revelada pelo jornal ABC Color, a conversa é mais uma da série de mensagens em que Joselo cita uma suposta proximidade com o alto escalão do governo brasileiro para defender a Léros junto às autoridades do país vizinho. Em entrevista ao jornalista Fito Cabral, da Telefuturo, na semana passada, o ex-presidente da Ande afirmou ter ouvido menções ao nome Bolsonaro ao longo das negociações mas não soube dar detalhes. “Várias vezes se falou isso mas não me lembro em qual reunião”, disse Pedro Ferreira.

Em mensagens trocadas com Pedro Ferreira, divulgadas na imprensa paraguaia no começo do mês, Joselo Rodríguez também menciona que Giordano era um “representante da família do alto governo do Brasil”. Além de defender abrir as portas para a Léros diante das autoridades paraguaias, Joselo atuou para que o item 6 do acordo que previa a possibilidade de a Ande comercializar energia no mercado brasileiro sem intermediários, fosse retirado do texto final, o que acabou acontecendo “para que isso não prejudicasse a negociação com a Léros”, já que, segundo as mensagens publicadas na imprensa paraguaia, essa negociação ocorria sem conhecimento do público.

Estadão
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