Foto: Alan Santos/PR
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, em encontro com o presidente Jair Bolsonaro 01 de agosto de 2019 | 20:21

Brasil aceita anular acordo de energia favorável e mostra apoio a presidente do Paraguai

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Numa demonstração de apoio político ao governo do presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, o governo brasileiro aceitou a decisão “unilateral e soberana” do país vizinho de anular o acordo bilateral sobre a contratação da potência da Usina de Itaipu Binacional, assinado em 24 de maio com o Brasil. A ata anulada foi divulgada na semana passada e seus termos geraram uma crise política que ameaça levar ao impeachment o presidente paraguaio Mario Abdo Benítez. Uma reunião que estava programada para ocorrer em Brasília ainda esta semana foi antecipada para esta quinta-feira, 1º, e foi realizada em Assunção, com representantes dos ministérios das Relações Exteriores de ambos os países. Segundo o documento que saiu da reunião, ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso, altas partes contratantes instruíram suas equipes técnicas a retomar as reuniões com o objetivo de definir o cronograma de potência a ser contratada pela Eletrobras e pela Administración Nacional de Electricidad (Ande) no período de 2019 a 2022. Agora, a chamada Ata Bilateral vai “voltar às instâncias técnicas para novas negociações sobre a contratação da energia elétrica de Itaipu”. Ainda de acordo com o documento, os dois países concordam que a falta de acordo com o tema “afeta negativamente o faturamento dos serviços de eletricidade da entidade binacional e, ainda nesse sentindo, destacaram a importância de encontrar uma solução para o problema no curto prazo”. O documento, no entanto, deixa claro que o pedido do Paraguai para que a ata fosse denunciada pelos dois países não foi acatado, já que a ata menciona uma decisão unilateral do país vizinho. Após a divulgação do resultado da reunião desta quinta, diversos deputados e senadores do Paraguai começaram a retirar apoio ao julgamento político de Marito, como Abdo Benítez é conhecido. Segundo informações da imprensa local, o presidente do Partido Colorado, o deputado Pedro Alliana, informou que o documento mostra que o dano da ata anterior foi corrigido e, portanto, decidiu retirar o apoio ao impeachment. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores (Abrace), Paulo Pedrosa, afirmou que o Tratado de Itaipu embute um subsídio para a energia do Paraguai que é paga pelos consumidores brasileiros. “É como se a conta de luz dos brasileiros tivesse um ‘encargo de política externa’. Existe um subsídio pago por nós ao Paraguai e isso precisa ser dito”, afirmou. Para Pedrosa, essa situação gera um paradoxo, em que o Brasil perde investimentos justamente por ter uma tarifa cara. “Em um momento em que o Brasil não cresce e a indústria não investe, o Paraguai cresce 6% ao ano, inclusive com investimentos dos empresários brasileiros que migram para o país vizinho para aproveitar a energia barata”, acrescentou. Leia mais no Estadão.

Estadão Conteúdo
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