Foto: Epitácio Pessoa/Estadão
No mercado de câmbio, o dólar à vista acompanhou a piora da bolsa e fechou em R$ 4,1395, com alta de 0,36% 26 de agosto de 2019 | 19:55

Dólar encosta nos R$ 4,20 após inquérito contra Maia e suposta denúncia envolvendo o banco BTG

economia

Um conjunto de fatores internos impediu que os ativos domésticos se beneficiassem do pequeno alívio das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, após Donald Trump afirmar que o país deve chegar a um acordo com país asiático. No mercado de câmbio, o dólar à vista acompanhou a piora da bolsa e fechou em R$ 4,1395, com alta de 0,36%. A moeda ainda chegou à máxima de R$ 4,1630 durante a tarde, alinhado ao ambiente de valorização da moeda americana em relação a divisas emergentes. No cenário interno, o que se vê é um cardápio indigesto em que figuram o desgaste da imagem do país e possíveis perdas comerciais por conta dos atritos com líderes europeus em torno da Amazônia, a queda de popularidade do governo revelada pela pesquisa CNT/MDA, a redução nas projeções de crescimento do PIB, segundo o Boletim Focus, e o próprio comportamento do presidente Jair Bolsonaro, cujo tom belicoso é visto como um risco à governabilidade e à agenda de reformas. No fim da tarde, surgiu mais um fato negativo: relatório conclusivo da Polícia Federal atribuiu ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, e caixa dois, no âmbito de investigações que envolvem a delação da Odebrecht. Na planilha de propinas da Odebrecht, Maia é identificado como ‘botafogo’. Pela manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de US$ 550 milhões em moeda à vista e swaps cambiais reversos, sem, contudo, conseguir dar fôlego ao real. No mês, o dólar já acumula alta de 8,4% e o real caminha para ter o pior mês desde setembro de 2015, quando a moeda americana subiu 9,1%. Neste contexto e na contramão das bolsas em Nova York, que exibiam alta superior a 1%, o Ibovespa acentuou as perdas ao longo da tarde e chegou a operar momentaneamente abaixo dos 96 mil pontos. A piora se deu em meio ao tombo de ativos do BTG, após circularem informações (negadas pela instituição) de que o banco – alvo de investigações no âmbito da operação Lava Jato – teria uma espécie de “Departamento de Operações Estruturadas” para pagamento de propinas. Com perdas de mais de 1% de ações de Petrobrás, Vale e queda em bloco dos papéis do setor bancário, o Ibovespa fechou aos 96.429,60 pontos, em queda de 1,27%. Com isso, o principal índice da B3 já acumula desvalorização de 5,29% em agosto.

Estadão Conteúdo
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