Foto: Ettore Ferrari/EFE
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte 20 de agosto de 2019 | 17:31

Primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte renuncia

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O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, renunciou ao cargo nesta terça-feira, 20. A medida abre caminho para a formação de um novo governo no país. Conte, do Movimento Cinco Estrelas, perdeu o apoio da Liga Norte, do Ministro do Interior Matteo Salvini, nas últimas semanas. Apesar de Salvini confiar na antecipação das eleições para formar uma maioria parlamentar, o M5S articula uma coligação com o Partido Democrático, de Esquerda, para permanecer no poder. “A crise em curso impede a ação deste governo, que se encerra aqui. Aproveito para comunicar que apresentarei minha denúncia como chefe de governo para o presidente da República”, afirmou o premiê, em discurso no Senado. Caberá agora ao presidente Sergio Matarella organizar a formação de uma nova coalizão de governo entre as bancadas do Parlamento. No pronunciamento, Conte criticou seu ministro do Interior. Segundo ele, Salvini perseguiu apenas seus próprios interesses e os interesses de seu partido, ao tentar tirar proveito das pesquisas que lhes davam uma grande maioria no Parlamento, na sequência dos resultados recordes nas eleições europeias, na qual a Liga teve 34% dos votos. “Fazer os cidadãos votar é a essência da democracia, mas pedir a eles que votem todos os anos é irresponsável”, disse Conte, que também chamou o político de extrema direita de oportunista. “O país precisa urgentemente de medidas para promover o crescimento econômico e o investimento”. Ele também acusou o líder da Liga de falta de respeito pelas regras e instituições, repreendendo-o por exigir eleições o mais rápido possível para obter plenos poderes. Tendo chegado à chefia do país depois de uma marcha fascista em Roma, o ditador Benito Mussolini obteve em 1922 plenos poderes para dirigir a Itália como desejava durante o ano seguinte. Ainda no cargo de ministro do Interior, Salvini respondeu com um discurso em tom de propaganda, falando na bancada do partido. Foi várias vezes interrompido. “Temem perder as cadeiras com eleições antecipadas”, reagiu. O ministro do Interior prometeu oferecer um governo forte a seus aliados e pediu, como de costume, a proteção da Virgem Maria e de São João Paulo II, com um terço nas mãos. “Não me arrependo de nada”, declarou, após gritar que representa um povo soberano, que não teme nada e é livre. Provocou a irritação de boa parte dos senadores. O líder do PD, Nicola Zingaretti, disse hoje que seu partido quer ver ou a formação de um “governo forte” com respaldo para reformar a Itália ou uma votação antecipada, descartando a possibilidade de um governo provisório. Tanto o M5S quanto o opositor PD rejeitaram na semana passada a moção de censura de Salvini e começaram a negociar entre eles, apesar de antigas diferenças, uma maioria parlamentar de esquerda e a possível formação de uma aliança de governo. Ninguém se atreve a prever o que pode ocorrer amanhã, mas, caso Conte renuncie, Mattarella pode explorar um possível acordo M5S-PD ou reeditar a atual coalizão com a Liga, algo que não desagrada tanto a Salvini, que já deixou claro que não deixará o Ministério do Interior.

Estadão Conteúdo
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