29 março 2024
Eleito presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) da Bahia com uma plataforma de renovação do partido, de democratização da sua gestão, de aproximação com os movimentos sociais e fortalecimento do PT para as eleições 2020 e 2022, Éden Valadares terá também como importante missão atender ao clamor quase unificado da militância e das correntes internas do PT, que é a tão sonhada unidade partidária. Em uma breve entrevista a este Política Livre na manhã desta segunda-feira (21), o recém- eleito presidente falou sobre a questão e pontuou que “a capacidade de dialogar com o divergente, construir com quem pensa diferente” é essencialmente a diferença do PT em relação a outros partidos. Presidente comentou ainda sobre as propostas que pretende implementar ao longo de sua gestão, que inclui, segundo ele, “aprofundar nossa relação com os movimentos sociais do campo e da cidade é outro, assim como dar maior protagonismo aos jovens, às mulheres e ao negros.”
Questionado se sua eleição representa um ‘sim’ para o retorno de seu principal apoiador no processo até a consolidação da vitória, o senador Jaques Wagner (PT), ao comando do Estado numa disputa em 2022, Valadares ponderou, apesar de confirmar que “há um sentimento geral na militância”. “…não se trata disso, de apontar o senador Wagner como pré-candidato. Até porque estamos em 2019, temos ainda as eleições municipais, não sabemos o que será do país nas mãos de quem está governando, o clima nacional é de muita instabilidade, enfim, muita água para passar debaixo da ponte”. Leia a entrevista completa:
Política Livre – Quais as principais propostas que pretende implementar estando à frente do PT baiano nos próximos anos?
Éden Valadares – Não sou eu, sozinho, que implementará. É o conjunto do PT, a partir das resoluções e pactuações políticas consagradas no Congresso Estadual do PT. Democratizar e dar transparência à gestão do partido é um destes pactos, aprofundar nossa relação com os movimentos sociais do campo e da cidade é outro, assim como dar maior protagonismo aos jovens, às mulheres e ao negros.
Política Livre – Pretende contribuir com a construção do nome para a disputa da capital ano que vem? Como vê o cenário do PT nas eleições municipais de 2020?
Éden Valadares – O congresso do PT, e o PED como um todo, demonstrou a força social, política e eleitoral do PT. Sem presunção, de maneira equilibrada, o PT quer dialogar com os partidos aliados do governo Rui Costa, com os movimentos sociais, com as forças vivas da sociedade, em torno de uma agenda para 2020 e 2022. Entendemos que a defesa da democracia, da soberania, das conquistas do período de Lula, bem como dos avanços na Bahia com Wagner e Rui Costa, devem orientar nossa política. Assim, esperamos impor uma grande derrota ao bolsonarismo e seu aliado local, o carlismo.
Política Livre – Durante o congresso nesse final de semana, muito se falou em ‘unidade’. A palavra já é quase um mantra (risos). De que forma pretende atender a esse clamor da base e das correntes, visto que é imenso o universo de divergências internas e, conforme evidenciou Everaldo Anunciação – atual presidente estadual da sigla – , a sua margem de diferença de membros da executiva foi pequena em relação ao outro grupo?
Éden Valadares – O PT sai mais forte e mais unido deste Congresso. Nunca fomos um partido de pensamento único, e talvez esteja aí a nossa maior riqueza: a capacidade de dialogar com o divergente, construir com quem pensa diferente. Então, diferentemente dos partidos tradicionais, no PT, a diferença não nos divide, nos multiplica. Não subtrai, soma. Portanto, o partido sai mais fortalecido, mais unificado, com mais vitalidade deste processo.
Política Livre – A sua indicação para a disputa da presidência foi fortalecida por tudo que representa o senador Jaques Wagner para o PT. Você associa sua vitória a um ‘sim’ da militância para um eventual retorno de Wagner ao comando do Estado numa disputa em 2022?
Éden Valadares – Olha, há um sentimento geral na militância. Mas não se trata disso, de apontar o senador Wagner como pré-candidato. Até porque estamos em 2019, temos ainda as eleições municipais, não sabemos o que será do país nas mãos de quem está governando, o clima nacional é de muita instabilidade, enfim, muita água para passar debaixo da ponte. Mas é fato que o PT da Bahia fez um movimento importante, ao reafirmar seu papel protagonista na coalizão e dizer que pode ter, sim, candidato a governador em 2022. E o PT oferece à Esquerda e aos partidos aliados um nome da qualidade do senador Jaques Wagner.
Mari Leal