27 de outubro de 2019 | 21:01

Eleição no Uruguai deve ter 2º turno, com Daniel Martínez e Luis Lacalle Pou

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Os uruguaios devem ter que ir às urnas mais uma vez para eleger o sucessor de Tabaré Vázquez na presidência do país, segundo apontam as pesquisas de boca de urna. O governista Daniel Martínez, da coalizão Frente Ampla, de esquerda, teve 40,7% dos votos, e o advogado Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, de centro-direita, teve 29,9%, nas eleições neste domingo (27), segundo as pesquisas. Eles vão disputar o segundo turno da eleição presidencial em 24 de novembro.

O candidato de extrema-direita Guido Manini Ríos, visto com o “Bolsonaro Uruguaio”, teve 9,6% dos votos, segundo as bocas de urna, e ficou em quarto lugar. À sua frente ficou Ernesto Talvi, com 11,8%. Ao todo, 2,6 milhões de uruguaios estavam aptos a votar. Assim como no Brasil, o voto no país é obrigatório. No total, 11 candidatos disputaram a eleição presidencial. A Frente Ampla governa o país há 15 anos, com o atual presidente, Tabaré Vázquez, 79, e seu antecessor, José Mujica, 84.

Estão em disputa nesta eleição, além da presidência, 99 cadeiras da Câmara e as 30 do Senado, mais os governos regionais. Todos são eleitos para mandatos de cinco anos.
Lacalle Pou, que votou na cidade de Canelones, afirmou que sua campanha para o segundo turno começará “amanhã mesmo, porque não há tempo a perder”. Em um contexto regional agitado, com protestos no Chile por melhorias nas condições de vida da população, além de eleições questionadas na Bolívia, o presidente Tabaré Vázquez destacou a solidez institucional de seu país.

“Os uruguaios têm grande adesão ao sistema democrático”, declarou ele, que encerra seu mandato em 1º de março. Com câncer no pulmão, o presidente disse ter “a esperança e o desejo de poder entregar a faixa presidencial ao próximo presidente”.

Enquanto Martínez, um engenheiro de 62 anos, propõe a continuidade das políticas da Frente Ampla, que governa desde 2005 e busca o quarto mandato, Lacalle Pou, um advogado de 46, sugere mudanças em gastos públicos, comércio e política externa. Lacalle Pou classificou de “vergonha nacional” a política uruguaia de aproximação da Venezuela, e Martínez declarou à agência de notícias AFP que manterá totalmente a posição atual do governo da Frente Ampla, que evita condenar o regime da Nicolás Maduro em fóruns internacionais e tem relação próxima com o chavismo.

Martínez se diz aberto em assuntos de comércio, mas afirmou que hesita assinar qualquer tipo de acordo de livre-comércio, como o do Mercosul com a União Europeia, principalmente se não houver salvaguardas para o desenvolvimento local de tecnologia e as compras públicas. Lacalle Pou indicou, por sua vez, que seguirá uma diplomacia comercial para abrir mercados e atrair investimentos estrangeiros que permitam aliviar o desemprego, de 9%, após as dificuldades do governo Vázquez para avançar em acordos aos quais sua força política se opõe.

Guarda Militar
A população também se votou sobre uma reforma no sistema de segurança do país, que promove a criação de uma guarda nacional militarizada, com 2.000 homens. Nenhum dos 11 candidatos à presidência apoiou a mudança, que foi alvo de forte campanha contrária por parte de movimentos sociais e sindicatos, além da própria Frente Ampla. A guarda proposta colocaria militares em funções policiais, além de estabelecer pena de prisão perpétua “revisável” para 30 anos por crimes graves, penas mais duras para homicídios e estupros e autorização de buscas noturnas em domicílios, com ordem judicial.

Outrora considerado um oásis de paz em uma região turbulenta, o Uruguai viu suas estatísticas de segurança se degradarem nos últimos anos. O país registrou em recorde no número de homicídios em 2018. Foram 414 crimes, o que representa uma taxa de 11,8 assassinatos a cada 100 mil habitantes.
No mesmo ano, houve 57.341 assassinatos no Brasil, índice de 27,5 casos por 100 mil habitantes.

Folhapress
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