20 abril 2024
Uma comitiva dos EUA esteve nesta quinta (10) em Brasília para uma reunião de alto nível no Ministério da Defesa que resultou em um pedido curioso: os americanos querem que militares brasileiros treinem seus soldados para agir em missões de paz da ONU. Tecnicamente, não é inusitado. O Brasil liderou durante 13 anos a missão das Nações Unidas no Haiti, período no qual cerca de 37 mil militares passaram pela ilha caribenha. O país só não enviou contingente para assumir a complicada empreitada da ONU na República Centro-Africana por falta de verbas.
Experiência não falta. Neste ano, 15 soldados treinados para combate na Amazônia foram enviados para treinar tropas da ONU no Congo, por exemplo. O treinamento poderia ocorrer no Brasil ou nos EUA. Mas causa estranhamento o pedido americano. A administração Donald Trump se notabilizou até aqui por duas coisas na área militar: o desejo de desengajar-se daquilo que o presidente chama de guerras inúteis, como argumentou ao retirar o apoio aos curdos na Síria nesta semana, e a escassa consideração a organismos multilaterais como a ONU.
Missões de paz são altamente complexas, porque envolvem níveis de governança civil e militar de diversos países, sempre sob a égide das Nações Unidas. Tradicionalmente, americanos são comandantes nos campos de batalha onde servem -o que é óbvio, dado que são a maior potência bélica do planeta. Quando houve o terremoto que destroçou o Haiti em 2010, houve uma tensa experiência com a presença maciça de soldados americanos para o socorro humanitário, mas que acabou contornada pelo comando brasileiro da operação. Seja como for, a tratativa ainda está no nível de começo de conversa, assim como as demandas apresentadas pelo lado do Ministério da Defesa.
Folhapress