Foto: Divulgação/Arquivo
Irmã Dulce será canonizada no próximo dia 13 de outubro no Vaticano, pelo Papa Francisco 03 de outubro de 2019 | 21:55

Projeto contra Arrastão deve ser enviado a Neto próximo a canonização para forçar sanção

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Com forte apelo religioso, apesar de aprovado há quase um mês [dia 11] pela Câmara de Salvador, o projeto de lei que proíbe o tradicional Arrastão da Quarta-feira de Cinzas, no circuito Barra-Ondina, sequer saiu do Parlamento municipal para análise do Executivo.

Em meio a toda polêmica que se instalou em torno do assunto, informações chegadas a este Política Livre dão conta de que a matéria só deve chegar ao Palácio Thomé de Souza para apreciação do prefeito ACM Neto (DEM) e consequente veto ou aprovação nos próximos dias, em data próxima à canonização de Irmã Dulce pelo Papa Francisco, marcada para o dia 13 de outubro, no Vaticano.

Ao evento, aliás, devem comparecer todos os chefes de poderes do país, em especial os baianos, numa lista encabeçada  por Neto que inclui ainda o vice-prefeito Bruno (Reis), o presidente da Câmara Municipal, vereador Geraldo Júnior (SD), o governador Rui Costa (PT) e muitas outras autoridades.

Pelo que se fala nos corredores da Câmara, no entanto, a estratégia para remeter o projeto à apreciação do executivo próximo à canonização teria sido orquestrada por alguns integrantes da base de apoio governista, com o apoio do presidente da Câmara, com o intuito de colocar o prefeito no que classificam de uma ‘saia justíssima’.

Eles se referem a uma suposta pressão a que Neto será submetido para aprovar a suspensão do Arrastão em meio a um ato de tamanha grandeza, com toda a cúpula da Igreja Católica, isso se ao menos uma cena já não tiver ensaiada, conforme anteciparam fontes à reportagem.

A leitura é a de que o prefeito pode ser submetido a um constrangimento para sancionar a matéria, mesmo porque já afirmou que não vai levar o aspecto religioso em consideração no momento de avaliar se sancionará ou vetará o projeto, hipótese que se considera mais provável.

O autor da proposta, o vereador Henrique Carballal (PV), por sua vez, que é liderado de Neto, mantém firme o discurso de que a matéria é legítima e tem reforçado sempre que pode que o Carnaval é uma festa religiosa e feriado apenas “porque o Estado brasileiro reconhece a tradição cristã de guardar os dias santos”.

Aliado a isso, o vereador alega que o Carnaval não tem data fixa porque quem define o calendário é a Igreja Católica com base na definição que foi dada pelo Concílio de Niceia, que ocorreu em 325 depois de Cristo.

“Estamos falando de uma tradição milenar e alguém vem me falar de tradição de vinte anos do Arrastão? Só é feriado nacional porque a terça-feira de Carnaval é conhecida como o último dia que antecede à Quaresma. Invadir a Quarta-feira de Cinzas significa negar o significado do Carnaval e modificar o porque de ele ser feriado. Precisamos ter coerência e entender que no momento em que você invade a Quarta-feira de Cinzas, se descaracteriza o sentido do Carnaval”, prega.

Fernanda Chagas
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