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Wagner, Otto e Rui podem estar juntos ou separados em 2022 16 de outubro de 2019 | 10:00

PSD faz ofensiva para lançar Rui à Presidência e Otto ao governo da Bahia em 2022

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Atento ao desejo irrefreável do governador Rui Costa (PT) de concorrer à Presidência da República, percebido claramente por todos os seus correligionários, o PSD baiano lançou uma ofensiva para tentar convencê-lo a se filiar ao partido e disputar a sucessão do presidente Jair Bolsonaro em 2022.

A estratégia leva em conta o bloqueio à pretensão de Rui no PT, principalmente depois de uma polêmica entrevista que concedeu à revista Veja no mês passado criticando o movimento “Lula Livre”, que deixou o ex-presidente irascível, e prevê um novo plano para a próxima disputa estadual na Bahia.

Por ele, Rui sairia candidato a presidente da República enquanto o senador Otto Alencar disputaria o governo do Estado, abrindo espaço para que o PP, partido do hoje vice-governador João Leão, indicasse o candidato ao Senado e o PT, partido do senador Jaques Wagner, a vaga de vice.

Os formuladores da iniciativa não deixam de considerar que a estratégia é ousada, dado, principalmente, caso não seja bem administrada pelos aliados, seu poder de desestabilizar o consórcio de partidos que se aliam hoje sob a liderança de Rui, montado para a disputa à reeleição de Wagner ao governo, em 2010.

Caso a proposta encontre apoio para ser levada adiante, o primeiro a ter seu projeto revisto – ou atropelado – seria o próprio senador petista, que hoje deseja concorrer ao governo do Estado dentro de um pressuposto tático pelo qual Rui seria obrigado a concluir seu mandato de governador.

Em círculos políticos mais restritos, como o do PT, Wagner se manifesta contrário à idéia de que Otto concorra ao governo sob a alegação de que pareceria que, depois de quatro mandatos à frente do Estado, seu partido teria decidido entregá-lo de volta ao carlismo, origem política do senador do PSD.

Assim, cobraria de Rui a mesma decisão que tomou no momento em que decidiu escolher seu nome e apoiá-lo à propria sucessão, em 2014, quando não concorreu a nada e ficou sem mandato, esperando ser absorvido pelo governo Dilma Rousseff (PT), de quem acabaria se tornando ministro.

Pelos cálculos do PSD, com o perfil de gestor eficiente que conseguiu cunhar, Rui não teria dificuldade de ser lançado como um nome do Nordeste que agregasse, na caminhada, um candidato a vice da região Sul ou Sudeste, de preferência um empresário bem-sucedido e respeitado.

Desta forma, trabalharia a construção do voto de centro, espectro político esmagado pelo extremismo entre Jair Bolsonaro (PSL) e a esquerda, principalmente petista, que a classe política acha que está desejoso de emergir nas próximas eleições em função do radicalismo e desacertos de ambos os lados.

O maior ponto de interrogação na estratégia do PSD para lançar Rui à Presidência e Otto ao governo da Bahia diz respeito ao comportamento que o hoje vice-governador adotaria na eventualidade de Rui deixar o mandato para concorrer à sucessão presidencial.

Como o petista teria que renunciar oito meses antes de concluir o mandato cumprindo o prazo de desincompatibilização, João Leão ascenderia à condição de governador, com possibilidade de concorrer à reeleição como candidato natural, podendo embaralhar completamente o jogo do partido de Otto.

Os riscos são maiores, na visão de quem pensa na idéia de Rui concorrer à Presidência pelo PSD, dado o temperamento que muitos colegas classificam como politicamente imprevisível do vice, um eufemismo na visão dos que o consideram uma figura “inconfiável” quando o assunto é, naturalmente, poder.

Raul Monteiro
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