Foto: Antonio Queirós/CMS
Para Carballal, o argumento que foi dado pelo prefeito para o veto de que o projeto fere a laicidade do Estado é fraco 13 de novembro de 2019 | 19:59

Carballal coloca vice-liderança à disposição e admite brigar para derrubar veto de Neto

salvador

O vereador Henrique Carballal (PV), após anuncio oficial por parte do prefeito ACM Neto (DEM) de veto total ao projeto de sua autoria que visava proibir o tradicional arrastão da Quarta-feira de Cinzas, de forma a poder encapar uma luta contra a decisão do aliado, coloca o cargo de vice-líder do governo na Câmara de Salvador à disposição do gestor soteropolitano, cujo parecer, o Estado é laico e não poderia proibir a festa com base apenas em fundamentos religiosos.

“E tomo essa decisão em respeito ao prefeito que continuo aliado, mas o argumento que foi dado para o veto de que fere a laicidade do Estado para mim é totalmente fraco e abre um precedente perigoso, porque o prefeito está declarando que todos os feriados religiosos são inconstitucionais. Sendo assim isso vale para o Natal, Sexta-Feira Santa, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Conceição da Praia, o próprio Carnaval e sendo assim não tem porque as pessoas não trabalharem sendo abonadas pelo estado. Já imaginou se todos os empresários judeus resolveram que seus estabelecimentos funcionarão em todos os feriados cristãos, questionou em conversa com o Política Livre, arrematando ainda que entrará com uma ação no Ministério Público da Bahia (MP-BA) para avaliar os eventuais “crimes de “crimes de responsabilidade” pela realização do evento, que conforme o prefeito ocorre há mais de 20 anos, mas não é patrocinado pela prefeitura de Salvador.

“Cobrarei explicações das autoridades sobre os pagamentos das taxas públicas por se tratar de um dia útil. Quarta-feira de Cinzas não é Carnaval e não pode ter nenhum evento sem que sejam previamente pagas as taxas”, reforçou.

Aliado a isso, Carballal afirmou confiar na Comissão da Constituição e Justiça da Câmara. “Confio na CCJ da Casa, no presidente da comissão que tem formação jurídica [Alexandre Aleluia], assim como no maior jurista que temos na Casa e no país, que é o professor e Edvaldo Brito. Isso quer dizer que ele[Brito] tem que voltar para os bancos da faculdade”, voltou a cutucar.

Por fim, o verde elencou que o projeto foi aprovada no Parlamento municipal com 32 votos e ele precisa de apenas de 22 para derrubar o veto. Ele pontuou ainda contar com o apoio do presidente da Casa, vereador Geraldo Júnior (SD) e dos seus pares. “E mesmo que a Câmara cometa esse equivoco, a luta vai continuar”, concluiu.

A matéria foi aprovada em setembro deste ano, sob a justificativa religiosa de que o arrastão desrespeita o início da Quaresma, um dos momentos mais importantes do rito cristão, principalmente o Católico. Quem descumprisse a medida poderia ser multado.

Fernanda Chagas
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