Foto: Gabriela Biló/Estadão
O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) quebrou uma placa que compunha exposição em homenagem ao Dia da Consciência Negra 20 de novembro de 2019 | 13:30

Planalto ignora Consciência Negra, e Bolsonaro se nega a comentar destruição de placa

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No Dia da Consciência Negra, o presidente Jair Bolsonaro preferiu não se manifestar nesta quarta-feira (20) sobre a destruição de uma placa na Câmara dos Deputados em alusão à violência contra a população afrodescendente.

Na saída do Palácio do Planalto, onde cumprimentou um grupo de eleitores, ele disse que ficou sabendo sobre o vandalismo cometido pelo deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP), mas ponderou que não cabe a ele comentar sobre o assunto.

“Eu fiquei sabendo, mas eu não sou mais deputado e não vou comentar. Eu mudei do Legislativo para o Executivo e falo do meu governo. Isso quem vai decidir o que fazer é o presidente [da Câmara] Rodrigo Maia”, afirmou. O Palácio do Planalto não marcou nenhuma cerimônia para celebrar a data e o presidente também não se manifestou até o momento sobre o dia nas redes sociais, diferentemente do que fez, por exemplo, no Dia da Bandeira e no Dia Internacional da Mulher.

Na terça-feira (19), o parlamentar quebrou uma placa que compunha exposição em homenagem ao Dia da Consciência Negra. O cartaz trazia uma charge do cartunista Latuff mostrando um policial com uma arma se afastando depois de atirar em um jovem algemado.

A peça tinha os dizeres “o genocídio da população negra” e uma explicação com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica) sobre mortes de jovens negros.

“Por sua vez, os negros são as principais vítimas da ação letal das polícias e o perfil predominante da população prisional do Brasil”, dizia a placa.

A taxa de homicídios entre homens jovens pretos e pardos chegou a 185 a cada 100 mil habitantes em 2017, quase três vezes a dos brancos.

Diante do vandalismo, partidos de oposição anunciaram que farão representação no Conselho de Ética da Câmara e irão à PGR (Procuradoria-Geral da República) protocolar representação por racismo.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Tadeu disse que as mortes de jovens negros por policiais podem ser explicadas pela maior presença de negros no tráfico de drogas e afirmou que não teme ser punido no Conselho de Ética. Acusado de racismo, ele ressaltou que não tem atitudes racistas.

Folhapress
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