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O presidente dos EUA, Donald Trump 15 de novembro de 2019 | 21:00

Trump ataca testemunha de inquérito de impeachment que depõe contra ele

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atacou uma ex-embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia nesta sexta-feira, 15, enquanto ela depunha no inquérito de impeachment da Câmara dos Deputados, ao afirmar que todos os locais onde ela esteve em sua carreira “ficaram ruins”, uma acusação que ela disse ser “muito intimidante”. Marie Yovanovitch, diplomata de carreira que o governo Trump retirou da Ucrânia neste ano, defendeu seu histórico anticorrupção no país europeu durante a audiência e disse que sua saída deixou as diretrizes para o país em estado de caos.

Enquanto a ex-embaixadora depunha, Trump tuitou uma série de ataques contra ela. “Todos os lugares para onde Marie Yovanovitch foi ficaram ruins. Ela começou na Somália, no que isso deu? Atualiza para a Ucrânia, onde o novo presidente ucraniano falou desfavoravelmente dela no meu segundo telefonema com ele”. Em um momento dramático, o presidente democrata da Comissão de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, perguntou a Yovanovitch sobre sua reação ao tuíte. “Não posso falar sobre o que o presidente está tentando fazer, mas acho que o efeito é intimidante”, respondeu ela.

Schiff então acrescentou: “alguns de nós aqui levamos a questão de intimidação de testemunha muito, muito seriamente”. O episódio causou uma nova reação contra Trump por parte dos democratas, que alegam que os comentários do presidente foram claras tentativas de intimidar uma testemunha crucial, podendo causar o mesmo impacto em outros que ainda possam se pronunciar.

Nesta sexta, na Casa Branca, Trump reagiu à acusação. “(O inquérito do impeachment) é considerado uma piada em Washington e no mundo inteiro”.

Os comentários de Trump na internet foram feitos no mesmo momento em que Yovanovitch relatava o quanto se sentiu intimidada durante o período que estava no cargo. Ela afirma que Rudy Giuliani, advogado pessoal de Trump e também investigado no inquérito do impeachment, trabalhava em conjunto com um procurador ucraniano corrupto para afastá-la do cargo, em um momento em que ele tentava persuadir a Ucrânia a realizar duas investigações que beneficiariam politicamente o presidente republicano.

Posteriormente, Yovanovitch afirmou que ficou “chocada, assustada e devastada” em relação aos comentários de Trump feitos ao presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, no telefonema de julho – objeto da denúncia anônima que levou à abertura do inquérito do impeachment pela Câmara.

Mesmo tendo sido afastada antes, em maio, Trump disse que a ex-embaixadora “passaria por algumas coisas”. Yovanovitch virou um ícone para outros diplomatas pelo seu trabalho para acabar com a corrupção na Ucrânia.

A sessão da Comissão de Inteligência da Câmara faz parte do inquérito de impeachment liderado pelos democratas, que ameaça o mandato de Trump enquanto ele pleiteia a reeleição em novembro de 2020.

Estadão Conteúdo
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