Foto: Fernanda Chagas/Política Livre
Neto e Rui, ontem, lado a lado, no evento de inauguração da nova etapa do aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães 12 de dezembro de 2019 | 08:00

Dois cabos eleitorais, segundo as pesquisas, por Raul Monteiro*

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As duas primeiras e últimas pesquisas deste final de ano sobre a sucessão municipal de Salvador, uma produzida pela Rede Record e a outra do instituto Paraná, que mostram sinais de disputa entre o vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), e o deputado federal Sargento Pastor Isidório (Avante), apontam também para a existência de dois prováveis cabos eleitorais importantes na cidade. Com 75% de aprovação à sua administração pela população, o prefeito ACM Neto (DEM) é um deles. Do outro lado está o governador Rui Costa (PT), cuja gestão é percebida como positiva por 73,3%.

Os números, entretanto, não escondem o favoritismo do democrata na posição privilegiada de alguém cuja influência na eleição pode ser muito mais decisiva. Afinal, conseguiu consolidar a imagem de excelente administrador para a cidade em mesmo patamar, após ser reeleito, três anos atrás, com 74% dos votos válidos, nas eleições de 2016. Levando em conta que Rui Costa acabou de participar de uma eleição, no ano passado, é possível deduzir que seu percentual reflita um recall em Salvador, decorrente do envolvimento recente numa campanha.

O cenário também aponta para uma significativa vantagem do prefeito em relação ao governador na hora de apontar seu candidato. Mesmo porque no campo de Neto não existem vários quadros disputando a indicação para candidato e o provável escolhido para sucessor está praticamente definido, responde pelo nome de Bruno Reis, seu vice-prefeito, e deve ser anunciado, no mais tardar, na primeira semana de janeiro, o que concentra as energias de seu grupo imediatamente na defesa de seu projeto assim que for anunciado, potencializando a identificação entre o prefeito e o escolhido no período da pré-campanha.

Daí que o mais esperado é que, assim que o processo de associação entre Neto e Bruno seja oficialmente publicizado, o atual vice seja catapultado para um patamar ainda mais significativo de intenções de voto, consolidando o favoritismo com que já se apresenta, faltando um ano para as eleições que definirão o novo inquilino do Palácio Thomé de Souza. Trata-se de condição completamente diversa da que deve ocorrer no campo do governador, onde, além dos vários nomes que se insinuam, ele se vê constrangido pelas forças partidárias que o cercam, as quais não controla nem conseguiria fazê-lo mesmo que desejasse.

Sem contar os dilemas que se sucedem em torno de como o jogo pode se armar, com vários pré-candidatos dividindo atenções e o eleitorado. Para ficar só no PT, partido do governador: com várias pré-candidaturas e o desejo mais do que legítimo e oportuno de promover um quadro negro para a disputa, o espaço para o acolhimento na sigla de um nome como o do presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani, parece cada vez mais reduzido, obrigando a que se abrigue em outra legenda, o que pode levar os petistas a marcharem com outro nome, em concorrência com ele. Sem contar no fator Isidório, incontrolável por natureza, todos elementos subtraindo atenções que poderiam ser dirigidas exclusivamente a Bellintani. Enfim, se o cenário não sugere controle, imaginem planejamento.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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