Foto: Sylvio Sirangelo/TRF-4
O procurador Roberson Pozzobon, que integra a força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato 10 de dezembro de 2019 | 17:45

Procurador diz que ‘maior ativo’ que Oi/Telemar buscava na Gamecorp era o filho de Lula

brasil

O procurador Roberson Pozzobon, que integra a força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato, disse nesta terça, 10, que ‘as evidências indicam que o maior ativo que o grupo Oi/Telemar buscava na contratação da Gamecorp era o fato de que entre seus sócios estava o filho do então presidente da República’.

As relações da operadora de telefonia com a empresa de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho de Lula, são o alvo maior da Operação Mapa da Mina, fase 69 da Lava Jato, deflagrada nesta terça, 10. Por ordem da juíza Gabriela Hardt, da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, a Polícia Federal fez buscas em 47 endereços de investigados.

Segundo a Lava Jato, as provas indicam que a maior parte do dinheiro empregado para compra de áreas rurais em Atibaia que formaram o sítio Santa Bárbara, adquiridas respectivamente por Fernando Bittar e Jonas Suassuna, pode ter tido origem em recursos repassados pelo grupo Oi para um complexo de empresas criadas por Lulinha.

“A origem poderia ser lícita, mas o que se verificou foi uma série de robustos indícios e provas que denotam que, muito provavelmente, os serviços não foram prestados e alguns casos sequer foram prestados”, disse Pozzobon.

Uma pista seguida pelos investigadores foi localizada durante buscas realizadas em uma etapa remota da Lava Jato, a fase 24, denominada Aletheia, deflagrada em março de 2016, quando o ex-presidente Lula foi conduzido coercitivamente pela PF para depor em uma sala no Aeroporto de Congonhas. A pista é um email recebido por um diretor de publicidade da Gamecorp.

“Eles mesmos reconheciam que lá não havia um negócio jurídico qualquer”, relata o procurador. “Isso é bastante sintomático quando se analisa o quadro geral da investigação. Quando o email foi enviado a empresa recebia cerca de 98% dos recursos da Oi”.

Na avaliação de Pozzobon, ‘aqui fica muito claro, e isso já vimos em outras fases da Lava Jato, que no mundo dos negócios, e estamos falando de negócios com o poder púlbico, não há lanche grátis’.

“Se milhões foram pagos por uma empresa a outra empresa para prestação de serviços e se constata que esses serviços não foram prestados, o que se tem é indícios de serviços de outra ordem, muitas vezes de ordem ilícita”.

Materiais apreendidos que serviram como base para a ‘Mapa da Mina’

A Procuradoria indicou que foi apreendido um e-mail no curso das investigações, recebido por Fábio Luis Lula da Silva, Fernando Bittar e Jonas Suassuna do diretor de Publicidade da Gamecorp, no qual é apresentado o resultado da empresa ‘nos últimos 12 meses’ com a ressalva de que teriam sido ‘expurgados os números da Brasil Telecom [grupo Oi] que por ser uma verba política poderia distorcer os resultados’.

Segundo o Ministério Público Federal, entre 2005 e 2016 o grupo Oi/Telemar foi responsável por 74% dos recebimentos da Gamecorp.

Os investigadores afirmam que uma outra mensagem eletrônica também recuperada havia sido encaminhada para o diretor e conselheiro do grupo Oi/Telemar.

Segundo a Lava Jato, no e-mail consta uma planilha com a informação de que um repasse, realizado em abril de 2009, para a Gamecorp, no valor de R$ 900 mil, fora deduzido da conta corporativa da presidência do grupo Oi/Telemar e classificado como custo de ‘assessoria jurídica’.

A Procuradoria argumenta que ‘trata-se de justificativa aparentemente incompatível com o objeto social da Gamecorp’ – desenvolvimento e gestão de canais para distribuição em TV por assinatura, produção de programas de televisão, cinematográficos e audiovisuais e outras atividades relacionadas.

Estadão Conteúdo
Comentários