Foto: Gil Ferreira/Agência CNJ
O subprocurador da República José Adonis Callou de Araújo Sá 23 de janeiro de 2020 | 19:13

Coordenador da Lava Jato na PGR deixa o cargo

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O coordenador da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR), subprocurador José Adonis Callou de Araújo Sá, pediu o desligamento do cargo, segundo o Estado/Broadcast Político apurou. O pedido de Adonis para sair da equipe não surpreendeu fontes da PGR ouvidas pela reportagem, mas o episódio representa um desgaste interno da gestão do procurador-geral da República, Augusto Aras.

Em outubro de 2019, Aras escolheu os sete membros do Ministério Público Federal para compor o grupo de trabalho da Operação Lava Jato. Entre as atribuições do grupo, que atua em casos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), estão participar de depoimentos, audiências, solicitar informações e documentos para embasar as investigações e participar das tratativas para celebração de acordos de colaboração premiada.

Segundo apurou o Estado, o objetivo de Adonis é deixar Aras à vontade para fazer ajustes na equipe. Um integrante do Ministério Público Federal (MPF) avalia que não há a independência prometida à equipe na análise dos casos da Lava Jato. Procuradores ouvidos pela reportagem apontam que Aras é centralizador e “bem liberal” em alguns processos.

Natural de Juazeiro do Norte (CE), Adonis já foi conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e é procurador da República desde 1992. Em parecer encaminhado ao STF no final do ano passado, Adonis defendeu a atuação dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba em processos que investigam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Histórico

Esta não é a primeira vez que o grupo de trabalho da Lava Jato na PGR sofre baixas.

Em setembro do ano passado, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, sofreu a maior baixa de sua gestão com a entrega coletiva de cargos entre os procuradores que investigam os casos da Lava Jato. Até o braço-direito de Raquel Dodge na área criminal, Raquel Branquinho, deixou o posto.

A equipe pediu à época o desligamento sob a alegação de “incompatibilidade” com o entendimento de Raquel Dodge. No centro da polêmica estava a delação premiada do executivo Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS.

Ao encaminhar o acordo para o STF, Raquel pediu o arquivamento de parte da delação que trazia implicações ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e um dos irmãos do presidente do STF, ministro Dias Toffoli.

Estadão Conteúdo
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