Foto: Gabriela Biló/Estadão
A atriz Regina Duarte 23 de janeiro de 2020 | 17:00

Mesmo sem fazer parte do governo, Regina Duarte escolhe ‘nº 2’ da Cultura

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Mesmo sem ter confirmado a sua entrada no governo Jair Bolsonaro, a atriz Regina Duarte escolheu nesta quinta-feira, 23, como “número 2” da Secretaria Especial de Cultura a reverenda Jane Silva, atual secretária de Diversidade Cultural da pasta. Jane ocupará o cargo de secretária-adjunta da Cultura “até que haja uma definição sobre a nomeação de Regina Duarte”. A informação foi confirmada nesta quinta, 23, pela Secretaria Especial de Cultura. Segundo a pasta, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), participou da escolha.

Como adjunta, a reverenda atuará automaticamente como chefe interina da cultura, já que o cargo de secretário da pasta está vago desde a última sexta-feira, 17, quando o dramaturgo Roberto Alvim foi demitido por parafrasear em discurso o nazista Joseph Goebbels.

O cineasta Josias Teófilo disse ontem ao Estado ter sido sondado ao cargo de secretário-adjunto da cultura. “Não tem nada certo ainda. Regina está sendo consultada, vai responder ainda”, afirmou. Ele ficou conhecido pelo seu primeiro filme, O Jardim das Aflições, sobre o guru bolsonarista Olavo de Carvalho, do qual Josias tornou-se amigo pessoal.

A vaga de “número 2” da cultura ficou em aberto ontem, 22, quando Paulo Soares Martins foi exonerado do cargo de secretário-adjunto. Ao Estado, ele disse que não sabe o motivo de sua saída.

No último dia 14, um e-mail sobre “objetivos” para 2020, enviado “em nome” do ex-secretário-adjunto a chefes da Secretaria de Cultura e a órgãos vinculados, como a Agência Nacional de Cinema (Ancine), endossava o discurso de “guerra cultura” defendido por Alvim.

A mensagem, divulgada pelo The Intercept, a qual o Estado também teve acesso, afirma que a cultura no Brasil deveria ser norteada em “princípios e valores da nossa civilização” e “profunda ligação com Deus”. O mesmo texto cita ainda “luta contra o que degenera”.

O texto causou constrangimento dentro do governo e foi considerado “fora do tom” por gestores da cultura ouvidos pelo Estado. Martins afirmou à reportagem “que apenas reproduzia as orientações do então secretário da Cultura (Alvim)”.

Estadão Conteúdo
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