Foto: Dida Sampaio/Estadão
O ex-senador Luiz Otávio Campos (MDB-PA) 13 de janeiro de 2020 | 17:45

PF diz que pagamentos da Odebrecht a ex-senador chegaram a R$ 4,5 milhões

brasil

Planilhas e registros internos da empreiteira Odebrecht contabilizaram pagamentos em dinheiro vivo em endereços ligados ao ex-senador Luiz Otávio Campos (MDB-PA), preso temporariamente na semana passada pela Polícia Federal na Operação Fora da Caixa. Os dados da empreiteira constituem as principais provas contra o ex-senador, investigado por suspeita de captar caixa dois para a campanha de 2014 do atual governador do Pará Helder Barbalho (MDB). Luiz Otávio foi preso na quinta-feira e solto no mesmo dia, após cumprimento de mandados de busca e apreensão.

Os recursos de caixa dois eram provenientes das obras da hidrelétrica de Belo Monte e, segundo a PF, faziam parte de um acerto das empreiteiras com políticos do MDB em troca do contrato para construção da hidrelétrica.

De acordo com relatório da PF obtido pelo GLOBO, houve pagamentos destinados a Luiz Otávio em dois endereços: uma cobertura em Ipanema, no Rio, ocupada por um sobrinho dele e um apartamento em São Paulo onde também morava uma sobrinha do emedebista. Nos registros da empreiteira, que eram usados como base para a programação das entregas de dinheiro, constam os nomes dos sobrinhos de Luiz Otávio como possíveis recebedores dos valores.

Segundo os registros no Drousys, o sistema interno de contabilidade paralela da Odebrecht, os pagamentos destinados a Luiz Otávio totalizavam R$ 4,5 milhões. “Observa-se que, no total, a programação de pagamentos envolveu a quantia de R$ 4,5 milhões, dividida em entregas alternadas entre São Paulo e Rio de Janeiro”, diz o relatório da PF.

A cobertura em Ipanema, localizada na avenida Vieira Souto, foi alugada por um amigo de Luiz Otávio a pedido dele próprio. Esse amigo confirmou à PF a transação e disse que era Luiz Otávio quem pagava as despesas, como o aluguel no valor de R$ 50 mil mensais. As planilhas da corretora de valores Hoya, responsável por realizar entregas de dinheiro para a Odebrecht, também registraram dois repasses no Rio a codinomes ligados a Luiz Otávio: R$ 500 mil para “Nevoeiro” em 2 de outubro de 2014 e R$ 500 mil para “Charuto” em 15 de outubro de 2014.

As entregas na capital paulista, pelos registros da Odebrecht, teriam ocorrido em um apartamento na rua Bela Cintra, zona nobre de São Paulo. Ele era alugado pelo mesmo amigo de Luiz Otávio que havia alugado o imóvel no Rio, Antônio Carlos Borges de Britto — casado com a irmã de Luiz Otávio. Em depoimento à PF, Britto admitiu que o apartamento era destinado à moradia de suas filhas, que eram sobrinhas de consideração de Luiz Otávio.

Dentre as provas encontradas pela PF estão conversas entre os entregadores de dinheiro da Hoya e depoimentos deles de que estiveram no endereço da Bela Cintra para levar os valores destinados a Luiz Otávio. “São abundantes, portanto, os indícios de que os valores provenientes da Odebrecht chegaram às mãos de Antônio Carlos Borges de Britto, em diversas oportunidades, no endereço da Rua Bela Cintra”, escreveu a PF no relatório. As informações são do jornal O Globo.

Comentários