Foto: Igor Correria
Programação tem início às 9h, com um café da manhã comunitário 23 de janeiro de 2020 | 16:18

Presente Ecológico de Iemanjá da Solar do Unhão chega à sua sétima edição homenageando de forma sustentável a Rainha do Mar

salvador

A sétima edição do Presente Ecológico de Iemanjá, na comunidade do Solar do Unhão, ao lado do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), acontece no próximo domingo, dia 26, com atividades desde as 9h da manhã, culminando na entrega dos balaios à Rainha do Mar por volta de 12h.

A atividade, além de saudar a Orixá das águas salgadas, chamada pelos religiosos de matriz africana de Iyá Ori (mãe das cabeças), presenteia também a dona dos rios e das águas doces, Oxum, além do caboclo Marujo.

Assim como nos outros anos, a ação é uma iniciativa promovida pelo Museu de Street Art Salvador (MUSAS), grupo de grafiteiros situado na comunidade, pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN), entidade do movimento negro, pela Associação de Moradores do Solar do Unhão e conta com a participação do afoxé Filhas de Gandhy, além de grupos de baianas.

A programação tem início às 9h, com um café da manhã comunitário. Às 10h30, terá início a concentração e as saudações que precedem os ritos religiosos, que acontecerão de fato a partir das 12h. Os ritos incluem o cortejo a pé pela comunidade e o cortejo marítimo com a imagem da sereia do Solar do Unhão, obra de arte que é representação de Iemanjá.

Na volta do mar, uma grande roda de samba acontecerá na comunidade, com a distribuição de uma feijoada para os moradores e visitantes.

Um dos idealizadores do presente, o grafiteiro Júlio Costa, do MUSAS, explica que o balaio arriado para Iemanjá é formado apenas por objetos não-poluentes, mantendo a relação tradicional e essencial entre o candomblé e a proteção dos elementos do meio-ambiente.

Objetos como sabonete e perfume, comumente jogados no mar pela população para saudar a orixá, ficam de fora do presente ecológico, ensina o Ogan de Ewá e OjuObá da Casa de Oxumarê, Marcos Rezende.

“Esse presente nos remonta às origens da tradição das religiões afro-brasileiras, onde muito mais importante do que presentes caros eram a fé, as cantigas e as boas energias depositadas ali por aqueles que não têm bens materiais”, afirma o líder religioso de um dos terreiros mais tradicionais do Brasil. Ele comemora a continuidade da já tradicional festa, feita anualmente no domingo anterior ao 2 de fevereiro.

A antecipação ao dia oficial dedicado a Iemanjá, explica Marcos Rezende, é uma estratégia para conscientizar as pessoas de que elas não devem poluir o meio ambiente. “O presente ecológico é uma forma educativa de saudar nossa ancestralidade. As pessoas precisam cuidar da natureza e buscar o equilíbrio das energias”, define o Ogan da Casa de Oxumarê.

A preparação para o presente começa uma semana antes, quando pescadores da comunidade Solar do Unhão entram no mar para pescar em homenagem à Iemanjá. Todo o peixe fisgado serve para fazer uma grande moqueca para a comunidade local e para os fiéis.

Em anos anteriores, mais de 50 quilos de pescados foram servidos pelos organizadores. Uma feijoada feita pela organização também é distribuída.

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