Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Jair Bolsonaro 31 de março de 2020 | 11:23

Jornalistas se retiram de entrevista após Bolsonaro estimular apoiadores a hostilizar imprensa; veja vídeo

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Jornalistas que fazem a cobertura diária do Palácio da Alvorada se retiraram de entrevista concedida pelo presidente Jair Bolsonaro na manhã desta terça-feira, 31, após ele estimular apoiadores a hostilizarem os repórteres que estavam no local.

O presidente havia sido questionado sobre declarações do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que tem defendido o isolamento social para evitar a propagação do coronavírus no País, na contramão do que tem dito o próprio Bolsonaro.

“Eu não sei o que ele falou. Eu parto do princípio que eu tenho que ver, não só ler o que está escrito”, começou a responder Bolsonaro. Um apoiador, porém, o interrompeu e passou a hostilizar os jornalistas, com xingamentos. Instado a continuar a responder, o presidente afirmou que quem responderia seria o apoiador, que se identificou como “professor opressor”.

“É ele que vai falar”, disse. Neste momento, os repórteres que estavam no local, uma área cercada na entrada da residência oficial, se retiraram.

A atitude surpreendeu Bolsonaro, que questionou: “Vai embora? Vai abandonar o povo? A imprensa que não gosta do povo”, disse o presidente.

Sem a imprensa, o presidente continuou a conversar com apoiadores, destacando uma declaração do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, sobre a necessidade de se preservar empregos durante a crise do coronavírus. Na fala, o diretor do órgão internacional cita que, em alguns países, medidas de isolamento e restrições de circulação podem custar a sobrevivência de pessoas mais pobres pelo impacto na economia.

O presidente levou o discurso de Ghebreyesus anotado em folhas de sulfite para consultar durante a conversa com jornalistas e apoiadores.

Desde a semana passada, quando fez um pronunciamento em rede nacional de TV e rádio, Bolsonaro tem criticado medidas adotadas por governadores e prefeitos, como fechamento do comércio e de escolas. O argumento do presidente é de que, com isso, muitas pessoas que trabalham na informalidade perderão seu emprego e sua renda.

O isolamento da população, no entanto, é uma recomendação de especialistas e da própria OMS como forma mais eficaz de se evitar a propagação da covid-19, que já matou mais de 15 mil pessoas no mundo – 159 só no Brasil.

Estadão
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