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Pedido de calma para liberação de recursos aos mais pobre de Paulo Guedes não encontra amparo na emergência do país 01 de abril de 2020 | 09:13

“#pagalogobolsonaro” é mantra dirigido ao governo para evitar mais fome e convulsão social

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A mudança de tom do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ontem, em seu mais novo pronunciamento em rádio e TV, com relação ao coronavírus, marcou sua primeira grande e séria derrota política.

Acuado pela racionalidade de um país muito maior do que a sandice de sua tese de que a pandemia é uma mera “gripezinha”, ele foi obrigado a recuar, apesar do estrago causado até agora por sua ignorância e voluntarismo.

Nada indica, entretanto, que, na condução da crise, o presidente se emendará e não voltará a apostar na desinformação, no desrespeito à ciência e no caos para tentar desfocar as atenções de sua incompetência.

Enquanto se aguarda a nova trapalhada presidencial, no entanto, é fundamental que o Estado, hoje em suas mãos, agilize as operações para salvar os milhões de cidadãos cuja sobrevivência foi afetada pela quarentena, além de que aja para que a economia não páre.

São, principalmente, trabalhadores informais, que vivem do que faturam diariamente, e estão há praticamente 20 dias sofrendo os efeitos do confinamento, além de milhares de outros que nem ocupação tinham antes da crise.

A entrevista concedida ontem pelos ministros Onix Lorenzoni (Cidadania) e Paulo Guedes (Economia) para falar sobre o pagamento da renda emergencial de R$ 600 à sociedade, no entanto, foi pouco animadora.

Tanto um quanto outro tiveram dificuldades de precisar quando a ajuda será liberada, concentrando-se em pedir calma, quando qualquer cidadão de bom senso sabe que com a fome das pessoas não se brinca.

O pior nesta arrevezada equipe de Bolsonaro não é a incapacidade expressa para lidar com temas relacionados à questão social, mas sua dificuldade, inclusive, de, reconhecendo as dificuldades, pedir ajuda a quem conhece.

Pressionado por jornalistas em relação à urgência para a operacionalização das medidas, Guedes, muito evasivo, chegou a citar que usaria cadastro disponibilizado a ele pelo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).

Isso, no entanto, é insuficiente. O dinheiro precisa chegar “para ontem” na mão dos mais necessitados sob pena de o país submergir numa convulsão social que só piorará a situação de todos em meio à emergência sanitária que a Covid-19 pode provocar.

Por isso, ganhou força na internet a hashtag “#pagalogobolsonaro”, a qual já foi subscrita até por figuras como o ministro Gilmar Mendes, do STF, numa prova de que, depois da perda de tempo provocada por um presidente “sem noção”, o sentido de urgência para que o governo trabalhe é geral.

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