Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
27 de maio de 2020 | 11:32

Infraestrutura e obras públicas perdem mais espaço na construção, diz IBGE

economia

Obras públicas e de infraestrutura continuaram perdendo relevância na indústria de construção no país em 2018, segundo pesquisa divulgada nesta quarta (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os dados mostram ainda que os trabalhadores do setor tiveram naquele ano os menores salários em uma década.

A perda de espaço de obras públicas e de infraestrutura em 2018 repete tendência que vem sendo observada desde 2014, quando a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato paralisou diversas obras e o país entrou em um período de recessão que apertou os orçamentos dos governos.

De acordo com o IBGE, o valor de incorporações da indústria brasileira da construção, que somou R$ 278 bilhões em 2018, praticamente no mesmo patamar do ano anterior. O IBGE destaca que, apesar de um aumento de 1,3% no PIB naquele ano, a construção caiu 3,8%. O ritmo de queda, porém, foi menor do que o registrado no ano anterior, de 9,2%.

Os resultados da pesquisa divulgada nesta terça, diz o IBGE, “sugerem que o contexto da instabilidade econômica e institucional iniciado em 2015 não foi plenamente superado pela indústria da construção”, que ainda convivia em 2018 com adiamento de investimentos e cancelamento de projetos.

O cenário teve reflexo no emprego do setor, com queda de 1,7% no número de pessoas ocupadas e de 3,2% no valor de salários e outras remunerações pagas aos trabalhadores do setor. Com relação a 2009, diz o IBGE, o número de trabalhadores caiu 35,3% e os salários, 43,2%.

Em 2018, o salário médio pago ao trabalhador da indústria de construção foi de 2,3 salários mínimos, o menor valor em uma década e 0,3 salários mínimos menor que em 2017. A renda média da construção de edifícios (2,1 salários mínimos), que ganhou espaço, são menores do que os de obras de infraestrutura (2,8).

Segundo o IBGE, as obras de infraestrutura representaram 31,3% do valor total de incorporações, contra 32,2% no ano anterior e 46,5% em 2009. Já a participação da construção de edifícios foi de 45,5%, um pouco menor que os 45,8% do ano anterior. Em 2009, a fatia deste segmento era de 39,5%.

“A diminuição dos investimentos governamentais, bem como a paralisação ou desaceleração de programas de estímulo ao setor da construção, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), podem ter refletido a perda de dinamismo do setor e, sobretudo, da atividade de infraestrutura”, disse o IBGE.

A participação do setor público como contratante das obras caiu de 31,7% em 2017 para 30,7% em 2018. Em 2009, os projetos pagos por governos representavam 43,2% do valor total das obras. Mesmo em infraestrutura, a participação dos governos caiu para 50,4%, o que significa que metade das obras foram feitas pelo setor privado.

Folhapress
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