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Carlos Bolsonaro 10 de julho de 2020 | 06:47

Aliado de Carlos, assessor alvo do Facebook participa de reuniões e frequenta residência de Bolsonaro

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Vinculado pelo Facebook a contas falsas para proferir ataques, o assessor presidencial Tercio Arnaud Tomaz, 33, teve uma carreira meteórica na equipe de Jair Bolsonaro.

O jovem paraibano, que administrava a página “Bolsonaro Opressor 2.0” nas redes sociais antes da eleição do presidente, tornou-se próximo do mandatário em menos de dois anos.

Apelidado nos bastidores de “o menino das redes”, Tercio marca presença em encontros da cúpula do governo, como reuniões ministeriais, e tem acesso livre ao Palácio da Alvorada. Partiu dele a ideia de construir imagens de Bolsonaro comendo em postos de gasolina, pão com leite condensado no café da manhã, entre outras coisas.

Integrante do chamado “gabinete do ódio”, bunker digital do Palácio do Planalto, ele é considerado o principal preposto do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na equipe do presidente.

É assessor especial da Presidência da República e, segundo Portal da Transparência, tem um vencimento mensal de R$ 13,6 mil.

O cargo dá direito de residir em um apartamento funcional, onde ele mora com a mulher, para a qual também descolou um cargo no governo. Segundo o Portal da Transparência, Bianca Diniz Arnaud é lotada em uma divisão da Secretaria-Geral, cargo comissionado que lhe garante um salário de R$ 3.400.

Na última quarta-feira (8), um levantamento divulgado pelo Facebook apontou ligação direta de Tercio em um esquema de contas falsas nas redes sociais banidas pela rede social. Ele não se manifestou sobre o episódio.

Tercio foi apontado como responsável por parte dos ataques a opositores do presidente, como ao ex-ministro Sergio Moro na sua saída do governo, e por difundir desinformação sobre o novo coronavírus.

Segundo relatos feitos à Folha, o bunker digital também tem digitais em críticas feitas aos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do STF (Supremo Tribunal Federal), José Dias Toffoli.

Mesmo após a divulgação da denúncia, em conversa reservada, o presidente minimizou o ocorrido a deputados bolsonaristas e não deu nenhum sinal de que pretende desmobilizar a estrutura de comunicação.

A existência do gabinete foi revelada pela Folha no dia 19 de setembro do ano passado. O jornal mostrou que a estrutura está instalada numa sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros do bunker digital.

Tercio comanda a parte operacional das redes sociais de Bolsonaro. Cabe a ele registrar, por meio de vídeos e fotos, a rotina diária do presidente.

O conteúdo é editado e divulgado, sendo reproduzido e explorado por perfis bolsonaristas, incluindo os mais radicais.

As lives semanais do presidente, promovidas às quintas-feiras, também são dirigidas pelo blogueiro, que, por meio delas, ganhou a confiança de Bolsonaro.

De acordo com auxiliares palacianos, com o tempo, Tercio se tornou um dos principais consultores do presidente em sua estratégia de comunicação, o que inclui a formulação de seu discurso público.

Ele também é um dos filtros de Bolsonaro sobre o comportamento das redes sociais. Por meio do WhatsApp, Tercio informa ao presidente a repercussão de medidas ou declarações nos canais digitais.

No final do ano passado, por exemplo, acompanhou café da manhã promovido pelo presidente no Alvorada com jornalistas credenciados.

E, mais de uma vez, foi visto ao lado de Bolsonaro em sua conversa diária com grupos de simpatizantes na entrada da residência oficial.

Segundo aliados do presidente, foi Carlos o responsável por aproximar Tercio de Bolsonaro.

A convite de Carlos, o blogueiro deixou Campina Grande e trabalhou como assessor parlamentar tanto de Bolsonaro, na Câmara dos Deputados, como de Carlos, na Câmara do Rio de Janeiro.

Em 2018, foi contratado para atuar na campanha presidencial na equipe de estratégia digital de Bolsonaro, ao lado do 02.

Com a posse de Bolsonaro, Tercio foi lotado no Palácio do Planalto. Para assessores presidenciais, a função do blogueiro é ser “os olhos e os ouvidos de Carlos”.

Folha de S.Paulo
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