Foto: Anwar Amro/AFP
Área destruída por explosão no porto de Beirute, no dia seguinte ao acidente 05 de agosto de 2020 | 13:27

Líbano ordena prisão domiciliar para autoridades do porto onde ocorreu explosão

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O governo libanês determinou nesta quarta (5) que as autoridades do porto de Beirute responsáveis pelas operações de armazenamento e segurança sejam colocados em prisão domiciliar. Não foi informado quantas pessoas serão alvo dessa medida.

A suspeita é de que a negligência dessas autoridades tenha contribuído para a megaexplosão ocorrida em Beirute na terça (4), que matou ao menos 113 e feriu mais de 4.000 pessoas.

O governo atribuiu a tragédia ao armazenamento incorreto de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, um fertilizante com alto poder explosivo.

Essa carga estava armazenada em um galpão junto ao porto há mais de seis anos. O material chegou ao Líbano em setembro de 2013, segundo dados oficiais obtidos pela Al Jazeera.

O material estava em um navio de propriedade russa que ia da Geórgia para Moçambique. A embarcação teve problemas técnicos e fez uma parada em Beirute.

Como o navio estava avariado, autoridades libanesas o impediram de seguir viagem. Com isso, os tripulantes abandonaram o barco e foram depois repatriados.

Eles deixaram o navio por medo de que pudesse haver uma explosão a bordo, dado o risco da carga transportada, segundo documentos obtidos pela Al Jazeera. O material então foi colocada em um armazém no porto.

Ao longo dos últimos anos, chefes da alfândega libanesa enviaram ao menos seis cartas à Justiça e a outras autoridades pedindo que fosse dado um destino ao material, mas não obtiveram respostas.

Houve sugestões para que o composto fosse vendido ou doado ao Exército. O nitrato de amônio é usado principalmente como fertilizante na agricultura. Também é utilizado para fabricar explosivos para mineraçao.

O presidente Michel Aoun disse estar determinado a investigar e revelar o que aconteceu o mais rápido possível, assim como responsabilizar os culpados.

O governo anunciou também que Beirute ficará em estado de emergência por ao menos duas semanas.

Como a explosão danificou muitas casas e prédios, cerca de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas. O prejuízo pode superar US$ 5 bilhões (R$ 26,4 bi), segundo o governador Marwan Abboud.

Diversos países, como Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, França e Irã, ofereceram ajuda ao Líbano.

O país atravessa sua pior crise econômica em décadas, marcada por depreciação monetária sem precedentes, hiperinflação, demissões em massa e restrições bancárias drásticas, que alimentam há vários meses o descontentamento social.

Folha
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