Foto: Dida Sampaio/Estadão
O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) 23 de setembro de 2020 | 20:45

Carlos Bolsonaro pagou 30% abaixo do valor de mercado por imóvel

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O imóvel que o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) comprou em dinheiro vivo quando tinha 20 anos foi vendido a ele, em tese, por preço 30% abaixo do que valia no mercado. Como mostrou o Estadão nesta quarta-feira, 23, o filho ‘zero dois’ do presidente Jair Bolsonaro desembolsou R$ 150 mil, em valores de 2003, por um apartamento na Tijuca, zona norte da capital fluminense.

Corrigido pelo IPCA, índice oficial de inflação, isso equivaleria, em agosto de 2020, a R$ 368,8 mil. O imóvel, porém, valia mais, pelo menos na avaliação da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Ao analisar a escritura do cartório em que o negócio foi fechado, no Centro do Rio, percebe-se que Carlos teve um desconto generoso na aquisição. A alíquota do Imposto de Transmissão de Bens Intervivos (ITBI), que no Rio de Janeiro era fixada em 2% naquela época, resultou em um pagamento de R$ 4,26 mil. Isso mostra que o valor considerado para calcular a taxa (sobre o valor venal, estipulado pelo município) foi R$ 213 mil. A diferença equivale a R$ 63 mil a mais do que o vereador, em seu primeiro mandato, declarou ter pagado por ele. Segundo o site da Secretaria da Fazenda carioca, o porcentual passou a 3% a partir de 1 de janeiro de 2018.

Corrigida pela IPCA, a diferença entre o valor usado pela Prefeitura, para fins fiscais, e o declarado na escritura equivaleria, no mês passado, a R$ 154,9 mil. Os R$ 213 mil, em agosto último, seriam 523,8 mil. Em 2016, Carlos Bolsonaro declarou à Justiça Eleitoral que o imóvel valia R$ 205 mil.

Os valores calculados pelo município para os imóveis costumam ser conservadores, ou seja, é mais comum um imóvel ser vendido por preço acima do avaliado oficialmente.

Procurado pelo Estadão para explicar o porquê do desconto, o casal que vendeu a propriedade ao parlamentar não respondeu; o próprio Carlos, também não.

Flávio Bolsonaro é investigado por suspeita de ‘rachadinha’

Um dos irmãos de Carlos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) é investigado pelo Ministério Público do Rio por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As suspeitas envolvem recursos supostamente desviados do antigo gabinete do parlamentar, quando era deputado na Assembleia Legislativa do Rio. Os desvios teriam sido feitos por meio de um presumido esquema de “rachadinha” – repasse de parte ou todo o salário de assessores ao deputado.

O senador nega ter cometido irregularidades e diz ser alvo de perseguição política, cujo objetivo seria atingir o governo Bolsonaro. Afirma ainda que todas as transações da família foram feitas de forma lícita.

Carlos também é investigado pelo MP fluminense, mas as apurações ainda estão em etapas preliminares. A suspeita é parecida: por meio de funcionários “fantasmas”, ele se apropriaria dos salários de seus servidores, que não batiam ponto na Câmara Municipal.

Estadão Conteúdo
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