Foto: Associated Press
06 de setembro de 2020 | 19:20

Dezenas de milhares vão às ruas da Belarus protestar contra ditador

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Dezenas de milhares de bielorrussos voltaram a desafiar, neste domingo (6), a feroz repressão do ditador Alexander Lukashensko, em manifestações massivas que não mostram sinal de arrefecer após quase um mês de uma eleição que a oposição acusa de fraudulenta.

Colunas de manifestantes com bandeiras brancas e vermelhas, cores da oposição, partiram de vários bairros da capital, Minsk, e formaram dois impressionantes desfiles nas avenidas que convergem para o centro, com gritos pedindo a saída do ditador, que há 26 anos lidera o país com mão de ferro.

Depois se dirigiram ao Palácio da Independência, que estava cercado de um grande dispositivo de segurança.

Segundo jornalistas da AFP, a mobilização foi maior neste domingo do que nos anteriores e concentrou mais de 100 mil pessoas.

Autoridades policiais isolaram o centro da cidade, e veículos blindados protegem locais estratégicos. As forças de ordem foram deslocadas em massa e reagiram com canhões de água. As estações de metrô estavam bloqueadas com barreiras de arame farpado.

De acordo com organizações de defesa dos direitos humanos, ao menos 75 pessoas foram presas neste domingo. A agência de notícias russa Interfax publicou que várias pessoas ficaram feridas após a polícia tentar desmobilizar um protestos em frente a um fábrica estatal de tratores.

Há vários dias, estudantes e outros setores da população entraram em greve e enfrentam a repressão brutal às manifestações, protestando contra o que consideram fraude na reeleição de Lukashensko no último 9 de agosto.

Lukashensko , por sua vez, aparece regularmente com um fuzil automático na mão para chamar de “ratazanas” os manifestantes, enquanto pede ajuda à Rússia.

O ditador, que denuncia uma conspiração ocidental contra ele, recorreu ao apoio de Moscou, que parece disposto a fornecê-lo, conforme evidenciado pela visitan esta semana a Minsk do primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin.

“Lembrem-se de que somos fortes enquanto estivermos unidos”, declarou a líder da oposição Svetlana Tikanovskaya, refugiada na Lituânia e que se considera a vencedora da eleição, em uma curta mensagem de vídeo.

Foi depois de seu chamado que os bielorrussos passaram a se reunir todos os domingos em Minsk para expressar sua oposição a Lukashenko.

Na sexta-feira, Tikanovskaya pediu à comunidade internacional sanções contra o regime e o envio de uma missão da ONU para “documentar” as violações dos direitos humanos e a repressão das manifestações – que deixaram três mortos e dezenas de feridos, com denúncias de numerosos casos de tortura e maus-tratos.

Folhapress
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