Estilo ‘heterodoxo’ de negociação de Rui estressou partidos e expôs presidente do PT

Com seu estilo ‘heterodoxo’ de negociação política, o governador Rui Costa deixou muitos partidos da base ‘sequelados’, com medo de serem submetidos à discussão de novos acertos dos quais ele seja o único patrono.

Primeiro, chamou todo mundo para conversar. Em seguida, ficou mudo por 15 dias em relação à maioria das legendas, que ficaram em suspenso, sem saber o que ele pensava nem pretendia.

Se a tática era levar à união por gravidade em torno da major Denice Santiago, candidata do PT, ela não funcionou como ele queria. Nem jamais poderia.

O modelo se mostrou infrutífero no caso do candidato Sargento Pastor Isidório, do Avante, que, depois de muita cobrança e ameaças, foi aproximado pelo governo do PSD, que lhe deu Eleusa Coronel como vice.

Foi um fracasso no caso da deputada estadual Olívia Santana, do PCdoB, que foi deixada de escanteio na expectativa de que desistisse da campanha, mas obteve o apoio do PP e sobreviveu.

E tirou todo o glamour da chapa do coração e prioritária, liderada pelo PT, que acabou apoiada apenas pelo PSB, responsável pela indicação de uma vice que pouco lhe agregaria. Tudo isso num cenário formado por uma base de mais de 10 partidos.

O quarto candidato de Rui, Bacelar, com a maior frente da base, formada pelo Podemos, a Rede e o PTC, soube que sua candidatura interessava ao grupo um dia antes da convenção.

Mesmo nas vésperas da oficalização das candidaturas, sem sinais claros do que o governo queria, muitos dirigentes acabaram tomando decisões que o governador não esperava. O presidente estadual do PT, Eden Valadares, pagou o preço de muitas das soluções ‘encontradas’ de última hora.

Ele foi envolvido por Rui em grande parte das negociações como seu auxiliar, mas ficou em muitos casos com a broxa na mão. Acabou arcando com o ônus da baixa autonomia e da falta de uma estratégia clara sobre a qual se mover.

Não foi nem uma nem duas vezes que os interlocutores o viram se posicionar com a voz (por telefone) ou a cara de quem, no fundo, não queria estar exercendo aquele papel.