Foto: Maranie R. Staab/AFP
06 de setembro de 2020 | 22:00

Noite de protestos antirracistas em 3 cidades dos EUA acaba em confrontos violentos

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Protestos antirracistas em três cidades diferentes dos EUA acabaram em confronto na noite deste sábado (5).

Agentes de segurança usaram gás lacrimogêneo e balas de pimenta para dispersar protestos em Portland, no estado do Oregon, e em Rochester, no estado de Nova York. Em Louisville, no Kentucky, dois grupos de esquerda e direita se enfrentaram, e a polícia não interveio.

Em Portland, o ato do sábado marcou cem dias de manifestações contínuas contra o racismo e a violência policial. Cerca de 400 manifestantes protestaram no centro da cidade, e alguns deles jogaram coquetéis molotov contra a polícia. Pelo menos uma pessoa ficou ferida.

Os agentes dispersaram o protesto com gás lacrimogêneo e informaram que prenderam manifestantes, mas não disseram quantos.

Um apoiador de Trump morreu baleado em Portland no dia 29 de agosto, e o presidente fez uma publicação no Twitter em sua homenagem.

Aaron Danielson fazia parte do grupo de extrema direita Patriot Prayer (oração patriótica), que fez caravana até Portland para realizar contraprotestos em oposição aos atos antirracistas. O grupo teve sua página no Facebook excluída pela rede social por ser um “risco à segurança pública”.

Nesta quinta (3), a polícia matou o suspeito do assassinato, um manifestante antifascista chamado Michael Reinoehl, durante a tentativa de prisão. Reinoehl estava armado, mas não se sabe se efetuou disparos. Ele tentou fugir de carro e foi baleado pelos agentes, morrendo no local.

Em Rochester, no estado de Nova York, a polícia usou gás lacrimogêneo, balas de pimenta e cassetetes para dispersar cerca de 2.000 pessoas que protestavam de forma pacífica contra a violência policial e o racismo na noite de sábado.

Após a ação, alguns manifestantes revidaram com pedras, garrafas e fogos de artifício. Segundo a polícia, o protesto era ilegal.

O ato ocorreu após a divulgação de um vídeo que mostra a abordagem policial que levou à morte de Daniel Prude, homem negro de Rochester

Prude, que sofria de doença mental, foi preso na cidade enquanto andava nu em uma noite de neve no dia 23 de março.

Ele estava desarmado quando foi preso e deitado no chão por policiais. Os agentes colocaram um saco em sua cabeça, supostamente usado para protegê-los da saliva de presos por conta da pandemia de coronavírus.

Ele foi mantido encapuzado e com a cabeça contra o asfalto por dois minutos antes de ser levado por uma ambulância. Prude morreu no hospital uma semana depois.

Também no sábado, dois grupos rivais entraram em confronto durante um protesto em Louisville, no estado de Kentucky,. Um grupo de direita, armado com fuzis e pistolas e composto por cerca de 250 pessoas, realizou um contraprotesto em defesa da polícia e contra os atos antirracistas perto de manifestantes do movimento Black Lives Matter, que estavam desarmados.

Membros dos dois grupos trocaram socos e empurrões e depois se afastaram. Ativistas acusaram a polícia de permitir que os manifestantes de direita armados confrontassem e intimidassem pessoas que faziam um protesto pacífico.

A corporação afirma não ter agido para evitar “aumentar ainda mais a tensão”, segundo o jornal Washington Post.

Foi em Louisville que a paramédica Breonna Taylor morreu baleada pela polícia em seu próprio apartamento em 13 de março. Agentes à paisana invadiram a casa para cumprir um mandado de busca em uma investigação sobre tráfico de drogas.

A polícia diz que o namorado de Breonna, Kenneth Walker, atirou contra os policiais, o que Walker nega –ele tinha uma arma legalizada em casa. Os agentes dispararam, e Breonna morreu com cinco tiros. Nada ilícito foi encontrado em seu apartamento.

Folha de S. Paulo
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