Foto: Gilmar Félix/Câmara dos Deputados
Eduardo Bolsonaro 23 de setembro de 2020 | 07:10

Portas fechadas e e-mails sem resposta: PF levou duas semanas para agendar depoimento de Eduardo Bolsonaro

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Entre portas de gabinete fechadas e diversos e-mails sem resposta, a Polícia Federal levou quase duas semanas para agendar o depoimento do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no inquérito que apura a organização e financiamento de atos antidemocráticos. A oitiva foi realizada na tarde desta terça, 22, porém a janela inicial dos investigadores era ouvir o filho do presidente no início do mês, entre os dias 5 e 12 de setembro.

O Estadão obteve cópias de e-mails e ofícios redigidos pela delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro e um ofício da Divisão de Assuntos Parlamentares da PF sobre tentativas de intimar Eduardo Bolsonaro e sua defesa para agendar o depoimento. As sucessivas dificuldades enfrentadas pelos investigadores levaram a PF a marcar o depoimento unilateralmente ‘considerando que quedaram frustradas as tentativas de agendamento de data, hora e local’ com a defesa do parlamentar.

O primeiro contato foi feito por telefone com Eduardo Oliveira, assessor de Eduardo Bolsonaro, e registrado em e-mail enviado no dia 1º de setembro ao gabinete do parlamentar. A delegada Denisse pedia ‘a gentileza de indicar data e horário, entre 5 e 12 de setembro, em que terá disponibilidade para prestar declarações de interesse do inquérito’.

“Considerando a estrutura do órgão policial, pede também análise da viabilidade de o ato se realizar na Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal”, apontou a delegada, pedindo confirmação do recebimento da mensagem e sua resposta.

No dia seguinte, 2 de setembro, a delegada reforça o pedido: “Conforme contato telefônico com Dr. Eduardo Oliveira, advogado de Vossa Excelência, realizado na data de 01/09/2020, pede-se a gentileza da resposta”.

E-mails semelhantes se seguiram nos dias 3 e 4 de setembro, registrando que dois novos contatos foram feitos com a defesa de Eduardo, por telefone, mas que não havia recebido resposta formal sobre a data para a oitiva.

A delegada Denisse então enviou ofício a Eduardo Bolsonaro. Ela escreve que, conforme solicitado por Eduardo Oliveira em ligações telefônicas nos dias 1º, 2 e 3 de setembro, é solicitada novamente ‘a gentileza de indicar data e horário’ para a oitiva. As novas datas sugeridas agora eram entre 8 a 12 de setembro, com exceção do dia 10.

No mesmo dia, a delegada pediu ao Chefe de Divisão de Assuntos Parlamentares da PF que levasse uma cópia do ofício ao gabinete do deputado, que também foi enviado por e-mail.

Estadão
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