Foto: Werther Santana/Estadão
Fábrica da Volkswagen do Brasil 11 de setembro de 2020 | 22:02

Volkswagem propõe PDV para dispensar 1/3 dos trabalhadores no Brasil

economia

A Volkswagen está disposta a pagar até 35 salários extras aos funcionários da área produtiva que aderirem a um programa de demissão voluntária (PDV) a ser aberto nos próximos dias. A empresa pretende eliminar cerca de 5 mil vagas, 35% de um total de aproximadamente 15 mil empregados de suas quatro fábricas no País. Esta é uma das propostas apresentadas pela montadora após mais de três semanas de negociação com dirigentes dos sindicais.

A proposta foi fechada ontem e será votada na próxima terça-feira, em assembleias distintas, pelos trabalhadores das quatro unidades do ABC paulista, de Taubaté e de São Carlos, em São Paulo, e de São José dos Pinhais, no Paraná. Também há uma série de medidas de redução de benefícios. Se aceita a proposta, a empresa se compromete com garantia de emprego por cinco anos para os que permanecerem no grupo.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, diante do cenário econômico atual e o apresentado pela empresa, de alta ociosidade nas fábricas, a garantia de estabilidade por um período longo é positiva, mas caberá aos trabalhadores decidirem se aceitam ou não. “A proposta garante o emprego e tem suas condicionantes e seus custos”, ressaltou, em informe enviado a todos os funcionários no início da noite.

Pela proposta, os trabalhadores horistas (a maioria é da produção) que aderirem ao PDV terão direito a 20 salários adicionais à uma tabela base definida por tempo de trabalho que varia de até dez anos a 30 ou mais. Quem tem até dez anos de casa, por exemplo, terá direito a 25 salários, além dos pagamentos previstos em lei. Para quem tem 30 anos de trabalho, serão 35 salários. Essa proposta terá tempo de validade para adesão. Passado o período, serão dez salários extras e não mais 20. Essa segunda oferta vale também para mensalistas (pessoal administrativo).

Sem reajustes

A Volkswagen informou que não comentará o assunto. A empresa propõe ainda não reajustar os salários pelo INPC neste ano (no limite de 5% do índice) e, em troca, pagar abono de R$ 6 mil. O limite do índice inflacionário vai diminuindo anualmente até 2023, quando será aplicado o reajuste integral do INPC. O valor da Participação dos lucros e resultados (PLR) também será menor.

Outra proposta da empresa é que a adoção do lay-off (suspensão temporária de contratos (possa ter duração de até 10 meses. Não haverá progressão salarial por um ano e para novas vagas o salário será 17% menor que o pago atualmente.

Outra exigência é a possibilidade do compartilhamento da produção de um modelo da planta Anchieta (em São Bernardo do Campo), com outras fábricas do grupo sem a necessidade de sua produção estar utilizando a sua capacidade máxima, acerto que estava em vigor no acordo acertado anteriormente entre as partes. Durante o compartilhamento, está garantida a produção em dois turnos na Anchieta. Em havendo aumento de volume, este acarretará o retorno do terceiro turno na planta.

Estadão Conteúdo
Comentários