Foto: Sueli Siqueira/arquivo pessoal
Outdoor faz campanha para Donald Trump na cidade de Governador Valadares, em Minas Gerais 17 de outubro de 2020 | 11:45

Brasileiro que vive nos EUA paga outdoor pró-Trump em Governador Valadares

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Morador dos EUA há mais de 30 anos, o empresário Edson Delana, 56, considera Donald Trump “o presidente mais conservador que o país já teve” —e, para ele, também o melhor.

Naturalizado americano, o brasileiro votou no republicano em 2016, assistiu a seus comícios neste ano e faz campanha nas redes sociais pela sua reeleição no próximo dia 3 de novembro.

Edson decidiu deixar sua admiração pelo republicano explícita também no Brasil. Pagou um anúncio em dois outdoors de sua cidade natal, Governador Valadares, com a foto de Trump com o braço levantado, o slogan “make America great again” (tornar a América grande outra vez”) e os dizeres, em inglês e em português, “por Deus, pela família, pela vida, por Israel, pelo Brasil”.

Ao lado, as palavras “sou direita, sou conservador”, sem assinatura, o que gerou especulação sobre a autoria da propaganda. A imagem viralizou na internet, especialmente por Governador Valadares ser um dos maiores polos de saída de migrantes brasileiros para os EUA e por Trump ser conhecido por seu discurso e suas políticas anti-imigração.

À Folha Edson disse que não pertence a nenhum partido ou grupo organizado e explicou o que o levou a comprar o anúncio. ”Não tenho nada a esconder. Quis mostrar que tem muito brasileiro que está com ele [Trump]”, diz.

“Esse presidente é tão criticado pela mídia e pela esquerda porque não conhecem o que ele fez pelo país. É como ele fala, depois do [Abraham] Lincoln, ele foi o que fez mais coisas pelos negros, pelos latinos”, diz, elogiando a condução da economia pelo republicano e especialmente suas políticas sobre costumes.

“Pessoalmente, ele não é conservador, mas o governo dele é ultraconservador. Ele é a favor da família, a favor de Israel, não liberou dinheiro para aborto. Ele tem coragem.”

Edson é evangélico —se define como “discípulo de Jesus”— e elogia a escolha recente da juíza Amy Coney Barrett como indicada à Suprema Corte. “Ela detonou a esquerda, tem sete filhos. Que mulher fantástica.”

Trump concorre a um novo mandato, com políticas que restringem a entrada de imigrantes como uma de suas plataformas. Desde que assumiu, em 2017, apertou o cerco, especialmente contra os centro-americanos que tentam entrar pela divisa com o México, onde prometeu construir um muro.

No ano passado, o número de brasileiros detidos na fronteira aumentou mais de dez vezes e chegou a 18 mil casos, segundo dados do Serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês).

Edson, que começou a vida nos EUA trabalhando como faxineiro e cozinheiro, hoje é dono de empresas e investidor. Ele diz que pessoalmente já ajudou vários brasileiros a se regularizarem nos EUA e afirma não considerar que o presidente americano prejudique os imigrantes.

“Ele é um ‘businessman’ [homem de negócios], sabe que precisa dos imigrantes. Mas existem leis. Ele é a favor da imigração legal, quer deportar os que cometem crimes.”

No Brasil, Edson diz que votou em Lula em 2002, mas agora é “100% Bolsonaro”. Ele conta ter sido criticado por votar em Trump em 2016, mas afirma que seus amigos brasileiros também votarão no republicano.

“Eles me dão até boné do Trump de presente. A maioria dos brasileiros que chega aqui torce para o Partido de Democrata, de esquerda. Mas quando comecei a aprender sobre a história americana passei a ser conservador. De direita, eles falam.”

Casado com uma brasileira e pai de dois filhos, Edson mora na Flórida e viaja a Governador Valadares de duas a três vezes ao ano, para visitar a mãe e os irmãos.

Ele não diz quanto pagou pelos anúncios —”Pouca coisa, diante do que esse governo merece”— e afirma que pretende financiar os outdoors até a semana da eleição americana.

Folha
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