Foto: Divulgação/Arquivo
Bruno Reis e seu padrinho político, o prefeito ACM Neto 22 de outubro de 2020 | 08:10

Bruno cresce contra oito candidaturas, a maioria do governo, por Raul Monteiro*

exclusivas

Quem disser que há contentamento e convicções do lado dos candidatos à Prefeitura de Salvador no campo do governo do Estado está mentindo. A prioridade meia-boca dada à prefeiturável Denice Santiago (PT), efetiva na medida em que tende realmente a empurrá-la como pólo da disputa, ainda que sob distância regulamentar ampla do favorito Bruno Reis (DEM), tem gerado ciúmes entre os demais candidatos da base governista, que se queixam da falta de apoio para fazer frente ao volume de campanha nas ruas que o postulante democrata tem exibido.

Para a turma, mesmo a candidata do peito do governador sofre com a ausência de uma estrutura que possa, de fato, fortalecê-la. Afora as carreatas e a presença maciça do governador no horário eleitoral de Denice, poucas ações são descritas como realmente capazes de impulsionar um crescimento sustentado e significativo da candidata. Sem contar que ela tem se ressentido da falta de uma abordagem na propaganda para além do fato de ser a representante de Rui na disputa, insuficiente para mudar os votos estimados para o candidato do DEM na sua direção.

Pelo contrário, o que a maioria tem percebido é que Denice tende a crescer realmente, impulsionada pelo apoio de imagem que tem recebido do governo, embora sobre o eleitorado dos demais candidatos da base, o que, quando muito, está criando um clima autofágico de salve-se-quem-puder entre os aliados, que se sentem abandonados à própria sorte. Hoje, para onde se olhe, a avaliação é de que o governador errou na estratégia de pulverizar as candidaturas do seu próprio grupo com o objetivo de levar a disputa para um desejado segundo turno entre Denice e Bruno.

Ele deveria ter jogado, no máximo, superlativamente, com dois candidatos do seu lado, sem jamais contar com o crescimento do postulante da extrema-direita, que já se mostrou um fiasco, como forma de conter o avanço do democrata já detectado pelas pesquisas. Cobrando seu preço, a estratégia do improviso e de afogadilho, no entanto, acabou tirando da candidata prioritária tempo de TV capaz de melhorar a interação com o eleitor, principalmente, nos clipes divulgados durante a programação normal da TV, simplesmente essencial para superar seu grau de desconhecimento pela população.

Agora, como tática, tem restado iniciativas como, além de torná-la mais palatável a um eleitorado aparentemente já comprometido com o adversário, monitorar o movimento dos candidatos do seu próprio grupo, na tentativa de evitar que alguns cresçam mais do que ela e outros desapareçam na fricção da campanha, de forma a viabilizar o projeto de definir a eleição em dois turnos. Trata-se, no entanto, de uma possibilidade que, a se levar em conta as últimas pesquisas de intenção de voto, parece cada vez mais distante do desejo do governador de dar alguma sobrevida à candidata para além do primeiro turno.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Comentários