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Senador Jaques Wagner, candidato do PT à sucessão estadual de 2022 03 de dezembro de 2020 | 07:58

O grandioso desafio do candidato Jaques Wagner, por Raul Monteiro*

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Petistas, especialmente candidatos a vereador e a prefeito, além de aliados, se encarregam de malhar o governador Rui Costa (PT) desde o primeiro turno das eleições, movimento que recrudesceu com as derrotas petistas em Feira de Santana e Vitória da Conquista, com jogadores que saíram da primeira etapa eleitoral com vantagem sobre os adversários que se sagrariam vencedores. Com efeito, partir para uma eleição, no intuito de ajudar os correligionários, sem um articulador político e a Casa Civil e a secretaria de Relações Institucionais desocupados, não é tarefa para quem aposta no sucesso, o que as urnas confirmaram.

Mas não é de derrotados que a política se move, mas daqueles que projetam forte expectativa de poder. É o caso do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que depois de uma retirada de cena na sucessão de 2018 que lhe produziu grande desgaste na classe política, emerge, naturalmente, sem que se apresente nenhum concorrente no seu próprio campo político, como a grande aposta das oposições ao PT em 2022. É nele que o petismo põe os olhos, com grande receio do que poderá representar de dificuldade para o plano de continuidade ao projeto do partido que terá completado, daqui até lá, 16 anos no comando do Estado.

Não foi por menos que, ainda lambendo as feridas da derrota na Bahia protagonizada pelo governador, o senador e ex-governador Jaques Wagner, seu ex-mentor, fez, esta semana, questão de assumir o desejo de concorrer à sucessão estadual numa entrevista conduzida de forma excelente pelo apresentador Mário Kertész, seguramente há anos o melhor performer da rádio baiana. Wagner sabe – como praticamente todo mundo – que não existe espaço vazio na política, ainda mais num grupo cuja liderança maior começa a ser contestada, e se apresentou como o nome que pode manter vivo e lucrando o consórcio que o PT comanda hoje na Bahia.

De fato, não há, no grupo, quem supere a capacidade agregadora do líder petista, principalmente num time em que seus dois maiores membros, PP e PSD, não conseguiram produzir nenhuma alternativa que possa apontar para uma transformação na passiva coadjuvância com que se relacionaram até aqui com o PT, um status que os acompanhará mesmo que, por alguma razão, e os sinais são de que haverá muitas delas à medida que o próximo pleito se aproxime, os dois ou um deles resolva pular do barco petista para beijar e se abraçar, jurando amor eterno, a ACM Neto, como já fizeram no passado com o próprio PT.

Portanto, segurar ele mesmo o leme do barco, mantendo a tripulação confiante, é a principal tarefa e meta do senador petista, já que, como há evidências por todos os lados, as chances de contar com uma colaboração que se traduza em ajuda eficaz da parte do governador parecem se tornar crescentemente difíceis. Também por isso, não é difícil antecipar que seu desafio será, no mínimo, grandioso. Exatamente porque não poderá se restringir a contrapor, mesmo com a excelência com que se movimenta na política, no ambiente em que a disputa se processará, o ânimo por novidade e competência gerencial, marcas com que o adversário do DEM já virá carimbado.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

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