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O presidente dos EUA, Donald Trump 13 de janeiro de 2021 | 17:55

Câmara dos Estados Unidos começa a debater processo de impeachment de Trump

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A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos realiza um debate emocionalmente carregado nesta quarta-feira, 13, sobre o impeachment do presidente Donald Trump pela histórica segunda vez. Os deputados discursam nesta tarde antes de seguir para uma votação que acusará Trump de incitar uma multidão de partidários que invadiram o Capitólio. O incidente, ocorrido há uma semana, interrompeu a sessão do Congresso conduzida para confirmar a vitória de Joe Biden nas eleições de novembro, que Trump não reconhece. Em comunicado, presidente pede “paz”.

De volta a um Capitólio fortemente protegido por milhares de soldados da Guarda Nacional, democratas e republicanos trocaram argumentos apaixonados sobre a eficácia de acusar o presidente e debateram um artigo de impeachment que o acusa de “incitar uma insurreição” que levou ao tumulto por seus apoiadores. A expectativa é que a votação após o debate aprove o processo de impeachment, com um pequeno, mas significativo número de republicanos se juntando aos democratas.

Os líderes da Câmara planejam levar sua acusação a julgamento no Senado após a votação de quarta-feira, mas o momento era incerto porque o Senado ainda está em recesso. O gabinete de Mitch McConnell, líder da maioria republicana, notificou os democratas de que ele não concorda com seu pedido de usar poderes de emergência para convocar o Senado de volta à sessão antes de terça-feira, 19. Isso significa que um julgamento provavelmente não terá início até a véspera da posse de Biden, no dia 20.

É a segunda vez em menos de 13 meses que a Câmara dos Deputados, dominada pelo Partido Democrata, tenta remover Trump do cargo. Na primeira vez, o processo não avançou no Senado, que ainda é controlado por republicanos.

Em um comunicado divulgado na tarde desta quarta-feira, Trump pede “calma e não” violência. Segundo fontes ouvidas pela TV CNN, ele está acompanhando os debates da Casa Branca.

“À luz dos relatos de mais manifestações, exorto que NÃO deve haver violência, NENHUMA violação às leis e NENHUM vandalismo de qualquer tipo. Não é isso que eu defendo e não é o que os Estados Unidos representam. Apelo a TODOS os americanos para ajudar a aliviar as tensões e acalmar os ânimos “, disse o comunicado.

‘Remédio constitucional’

Considerando a invasão ao Capitólio – que resultou em cinco mortes – o um dos capítulos mais sombrios da história americana, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, da Califórnia, implorou aos colegas de ambas as partes a aprovarem o impeachemnt. “(Precisamos de) um remédio constitucional que garantirá que a república estará a salvo deste homem que está tão resolutamente determinado a destruir as coisas que amamos e isso nos mantém juntos”.

“Ele deve sair. Ele é um perigo claro e presente para a nação que todos nós amamos ”, disse ela, acrescentando mais tarde: “Não me dá prazer em dizer isso – parte meu coração”.

O deputado Cedric Richmond, da Louisiana, que está deixando a Câmara para servir como assessor sênior de Biden, foi mais sucinto: “Simplificando, nós avisamos.”

“Estamos debatendo esta medida histórica em uma cena de crime real e não estaríamos aqui se não fosse pelo presidente dos Estados Unidos”, disse o deputado democrata Jim McGovern, presidente da Comissão de Regras, ao abrir o debate. McGovern relembrou a invasão, afirmando ter visto no olho dos extremistas “o mal”. “Este não foi um protesto, foi uma insurreição bem organizada contra nosso país, organizada por Donald Trump”, afirmou.

Após anos de constante apoio a Trump, os deputados republicanos estão divididos por causa da votação. A condenação mais contundente veio da deputada Liz Cheney (filha do ex-vice-presidente americano Dick Cheney), a número três do Partido Republicano na Câmara, que disse que “nunca houve uma traição maior por parte de um presidente dos Estados Unidos”. O anúncio dela provavelmente dará cobertura a cerca de duas dúzias de outros republicanos que buscam quebrar as fileiras e se juntar ao esforço para remover Trump do cargo”.

A decisão de seguir em frente com a votação veio depois que o vice-presidente Mike Pence se recusou, na terça-feira, em uma carta enviada a Pelosi, a destituir o presidente de seus poderes usando a 25ª Emenda à Constituição. O artigo de impeachment que os democratas apresentaram na segunda-feira visa responsabilizar Trump por seu papel em inflamar uma multidão de seus apoiadores extremistas que invadiram o Capitólio na semana passada, deixando ao menos cinco mortos, invadindo escritórios de legisladores e roubando propriedade federal.

O artigo de impeachment também invoca a 14ª Emenda, potencialmente proibindo Trump de ocupar o cargo no futuro se ele for condenado pelo Senado.

O impeachment deve ser aprovado na Câmara com facilidade, porque o controle da Casa ainda é dos democratas. Pelosi disse ter ao menos 240 votos para aprovação do processo. Alguns deputados republicanos também disseram apoiar o impeachment.

No Senado, no entanto, o processo não deve avançar. Para aprovação são necessários dois terços dos votos da casa, ou 67 senadores. Hoje, os democratas precisariam do apoio de 17 senadores republicanos. Até agora, nenhum senador do partido de Trump apoiou abertamente o impeachment, apesar de alguns defenderem que ele renuncie ou seja afastado.

Estadão Conteúdo
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