Foto: Daniel Marenco/Folhapress
Petrobrás 19 de fevereiro de 2021 | 18:30

Após nova ameaça de Bolsonaro, ações da Petrobrás têm forte queda na Bolsa

economia

O temor de interferência política na Petrobrás, com ameaça reiterada do presidente Jair Bolsonaro ao presidente da estatal, Roberto Castello Branco, fez as ações da petroleira caírem, somadas, mais de 13% na Bolsa brasileira, a B3. O tombo também afetou o Ibovespa nesta sexta-feira, 19, que fechou em baixa de 0,64%, aos 118.430,53 pontos. Descolado do tema, o dólar fechou em queda de 1,02%, a R$ 5,3854.

“Anuncio que teremos mudança, sim, na Petrobrás”, repetiu Bolsonaro no começo da tarde. O presidente, no entanto, acrescentou que “jamais vamos interferir nessa grande empresa, na sua política de preço”. Os comentários foram feitos um dia depois de ele anunciar que vai zerar os tributos federais sobre o diesel, após novo anúncio de reajuste dos combustíveis pela Petrobrás. Bolsonaro considerou o aumento, o quarto do ano, “fora da curva” e “excessivo”. Durante sua live semanal no Facebook, na quinta-feira, 18, ele reforçou que não pode interferir na estatal, mas ressaltou que a medida “vai ter consequência”.

As ações ON da petroleira caíram 7,54% e as PN, 6,12%. O tombo prejudicou o Ibovespa durante todo o pregão. A queda apenas ficou mais contida no final da tarde, após o senador Marcio Bittar entregar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, seu parecer da PEC que vai destravar o auxílio emergencial. O texto também congela as despesas da União, Estados e municípios quando os gastos atingirem 95% da arrecadação.

A política de preços da Petrobrás está no centro dos debates e pressões sobre os gestores da estatal há anos, em diversos governos. Em todos os casos, o alvo das críticas é a decisão de repassar as variações do petróleo no mercado internacional para o consumidor final. “Temos de esperar para ver qual medida será tomada, quão dura será e qual pode ser o nível de intervenção”, afirma Bruno Takeo, gestor da Ouro Preto Investimentos, sobre as ameaças de Bolsonaro.

“A queda nas ações da Petrobrás é que está pesando, enquanto Vale, exportadoras e bancos ajudam a conter o recuo”, diz Takeo. “Mas o investidor está deixando de lado o fiscal após o governo zerar impostos federais sobre o diesel. Se abre mão, perde receita e não existe compensação para isso, o que tende a atrapalhar ainda mais a questão fiscal”, completa.

De acordo com a colunista Sonia Racy, do Estadão, Castello Branco não renunciará ao cargo de presidente da Petrobrás, tampouco Bolsonaro irá demiti-lo, já que precisaria do aval do conselho de administração da estatal para fazê-lo. Além disso, Castello Branco tem no seu conselho de administração um fiel aliado, com capacidade de blindá-lo até mesmo do presidente. Sem contar que, o colegiado é em sua maioria formado por representantes do mercado financeiro, alinhados à atual gestão da companhia.

No entanto, nos bastidores circulam especulações de que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, estaria entre os cotados para assumir a presidência da empresa. “Se de fato houver mudança e o nome for com um perfil técnico, acho que isso tranquilizará o mercado”, acredita Mauro Orefice, diretor de investimentos da BS2 Asset.

Os investidores também têm no radar uma possível deterioração das contas públicas diante da zeragem dos tributos do diesel sem uma informação oficial sobre o impacto e a compensação do benefício.

No câmbio, a moeda americana recuou não apenas por aqui, mas também no exterior, ante divisas fortes e alguns emergentes, em meio à perspectiva de aprovação do pacote fiscal de 1,9 trilhão proposto por Joe Biden.

Tem se observado volume excedente de doses nos frascos das vacinas contra a Covid-19, o que possibilita a utilização de 11 e até 12 doses em apenas um frasco, assim como acontece com outras vacinas multidoses. O Ministério da Saúde emitiu uma nota que autoriza a utilização do volume excedente, desde que seja possível aspirar uma dose completa de 0,5ml de um único frasco-ampola. Desta forma, poderá ser observado que alguns municípios possuem taxa de vacinação superior a 100%.

Estadão Conteúdo
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