25 fevereiro 2021
Novo secretário de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra) no governo Bruno Reis (DEM), Luiz Carlos foi o vereador mais votado em Salvador na última eleição, com 17.035 votos. O republicano foi nomeado para o mesmo posto ocupado pelo atual prefeito de Salvador durante a gestão de ACM Neto (DEM).
Em conversa com este Política Livre, ele diz que a briga que movimentou a política durante a última semana, protagonizada pelo presidente nacional do Democratas, ACM Neto, e o deputado João Roma (PRB), após o colega de partido ter topado virar ministro da Cidadania no governo do presidente Jair Bolsonaro, é passageira.
“Não acho que ele [Roma] cortou o cordão umbilical, mas acredito que ele tomou uma decisão que, nesse momento, não foi compreendida por Neto, resultado de uma conjuntura nacional. O problema vai muito mais além de Salvador, da Bahia”, avaliou o secretário, à reportagem, sobre o rompimento.
Apesar da situação, Luiz Carlos fez questão de deixar claro que irá, sim, buscar recursos para a capital no Ministério da Cidadania através de Roma. “Não tenha dúvidas disso. Roma é um ministro de uma pasta muito importante, mas ele é da Bahia, é de Salvador”, argumentou o titular da Seinfra.
Confira a entrevista na íntegra:
O Republicanos tem um ministro agora no governo Bolsonaro. O partido está mais comprometido com a gestão do presidente?
Secretário Luiz Carlos: O partido sempre esteve comprometido com o país, sempre lidou com todas as questões relacionadas ao Brasil com muita responsabilidade e respeito, apoiando e votando os projetos do governo que são bons para o Brasil. Dessa forma, o nível de comprometimento não só com o governo, mas com o país, continua o mesmo.
Quem indicou João Roma para Bolsonaro?
Foi uma indicação do presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, mas que teve a anuência de toda a bancada do partido, inclusive do vice-presidente nacional, Márcio Marinho.
Roma nunca foi de esquerda, mas não tem o exato perfil de um bolsonarista. Isso pode atrapalhar?
Não, isso não atrapalha porque dentro de um governo olhares e percepções diferentes podem somar significativamente e não vejo nenhum obstáculo nisso. O perfil de Roma é também um perfil técnico, de experiência de gestão, e eu acredito que foi nessa perspectiva que o partido fez a indicação, como também da parte do presidente Bolsonaro, que acatou, acolheu a indicação tendo em vista que Roma é um deputado articulado e tem um perfil de gestor.
Esse rompimento de Roma e Neto. Estava na hora de Roma cortar o cordão umbilical?
Não acho que ele cortou o cordão umbilical, mas acredito que ele tomou uma decisão, que nesse momento, não foi compreendida por Neto, resultado de uma conjuntura nacional. O problema vai muito mais além de Salvador, da Bahia. O problema se configurou nacionalmente e aí o estresse aumentou a partir da eleição da presidência da Câmara e acabou respingando nessa relação entre Neto e Roma. Mas não acredito que eles cortaram laços. É apenas um momento de estresse, como se tem na vida e em qualquer ambiente de trabalho, mas depois, fazendo uma reflexão, Neto vai perceber que essa indicação foi boa para Salvador, para a Bahia e para o Brasil, já que estamos juntos no mesmo projeto.
Como fica a relação do Republicanos com o grupo do ex-prefeito?
Tranquila, sem nenhum arranhão, estresse ou desgaste. Essa momentânea relação de estresse se dá entre Neto e Roma e, como eu disse, é perfeitamente possível que os dois retomem as parcerias e sigam com o projeto pensando em Salvador e na Bahia.
Como ficará a relação com a administração de Bruno Reis?
Sem nenhum arranhão. Bruno é um prefeito maduro, inteligente e entende perfeitamente a situação. Ele sabe separar as coisas, já que está bem claro que trata-se apenas de um arranhão na relação entre Neto e Roma o que como eu disse, na nossa opinião, é algo momentâneo, que não foi criado por eles, mas por uma conjuntura nacional que logo vai ser compreendida, e o mais importante é continuar trabalhando no projeto que melhore a vida de todos.
O senhor irá buscar recursos para Salvador através de Roma?
Não tenha dúvidas disso. Roma é um ministro de uma pasta muito importante no país, mas ele é da Bahia, é de Salvador. Sendo assim, a relação tem que ir muito mais além de partidária. É uma relação de trabalho com o objetivo de buscar melhorias para as pessoas. Então se tiver que ir a Brasília para falar com Roma ou qualquer outro ministro, sendo ele do partido ou não, eu irei. E sendo do partido, eu irei mais ainda.
Mateus Soares