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Ferrovia corta o estado 10 de abril de 2021 | 21:00

Ferrovia divide sul da Bahia entre empregos e impacto ambiental

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Coração da cultura cacaueira e motor da economia baiana na primeira metade do século 20, o sul da Bahia viveu um movimento pendular nas últimas três décadas: potência econômica até os anos 1980, teve o seu pior momento por volta de 2000 e vinha se reconstruindo desde 2010.

Em 2021, a região olha para o futuro com um misto de alento e temor: dentro de cinco anos, o litoral norte de Ilhéus (310 km de Salvador) será cortado pela Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), que desembocará no Porto Sul, terminal offshore a 3 km da costa.

A obra da ferrovia, que vinha em ritmo lento por restrições orçamentárias, deve ganhar impulso após a concessão do trecho entre Ilhéus e Caetité. O traçado de 537 quilômetros, com 80% das obras físicas concluídas, foi arrematado nesta quinta-feira (8) pela Bamin (Bahia Mineração).

Dona da mina Pedra de Ferro, em Caetité, a Bamin é a principal interessada na ferrovia e foi a única concorrente do leilão. A mineradora terá que investir R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 1,6 bilhão para concluir a obra da ferrovia.

De acordo com o governo federal, a concessão da Fiol permitirá a criação de 55 mil empregos diretos, indiretos e efeito-renda ao longo dos 35 anos da concessão.

“Será nossa redenção”, afirma o prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre (PSD), que destaca a criação de postos de trabalho no momento em que a cidade, que tem o turismo como um dos pilares, enfrenta dificuldades com a pandemia.

A região de Ilhéus enfrenta uma crise desde o final dos anos 1980, quando plantações de cacau foram dizimadas pela praga da vassoura-de-bruxa. A crise econômica resultou em um movimento migratório que esvaziou a cidade, que saiu de 222 mil habitantes em 2000 para 184 mil em 2010.

João Pedro Pitombo, Folhapress
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