Foto: Eduardo Santillán/Presidência do Equador/Divulgação
O ex-ministro da Saúde do Equador, Mauro Falconí, durante entrevista coletiva 08 de abril de 2021 | 14:29

Quarto ministro da Saúde do Equador na pandemia cai após 19 dias no cargo

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Dezenove dias depois de tomar posse, Mauro Falconí, quarto ministro da Saúde do Equador durante a pandemia de coronavírus, deixou o cargo. O agora ex-titular da pasta foi afastado devido a protestos contra a desorganização na campanha de vacinação do país. No início da semana, por exemplo, idosos enfrentaram filas por horas para conseguirem ser imunizados.

A crise no gabinete de Lenín Moreno ocorre num momento de agravamento da Covid-19 no Equador e a três dias do segundo turno das eleições presidenciais, disputadas entre o banqueiro de centro-direita Guillermo Lasso e o esquerdista Andrés Arauz, apadrinhado pelo ex-líder Rafael Correa (2007-2017).

“Nossos idosos merecem o máximo respeito. Solicitei a renúncia do senhor ministro de Saúde, que será substituído por Camilo Salinas”, anunciou Moreno, por meio de suas redes sociais.

Falconí já era pressionado devido à falta de organização na base de dados para a campanha de vacinação. Seu antecessor, Rodolfo Farfán, caiu após um escândalo no qual doses do imunizante contra o coronavírus foram administradas a políticos ligados a governos regionais.

Até agora, o país, que no começo da pandemia foi um dos mais atingidos pela crise sanitária na América Latina, aplicou 2 doses de vacinas a cada 100 pessoas, de acordo com dados compilados pelo New York Times. O Brasil, onde a campanha de vacinação é considerada lenta, administrou 12 doses/100 pessoas.

Em relação ao percentual da população imunizada, apenas 1,3% recebeu uma dose no Equador. Esse índice cai para 0,6% quando considerada a aplicação das duas doses. A vacinação no país começou em janeiro, com um lote de pouco mais de 200 mil doses da Pfizer. Na última semana, o Equador recebeu 300 mil dos 1 milhão de doses encomendados ao laboratório chinês Sinovac.

Além de ter sido demitido, Falconí está em isolamento, por ter se infectado na semana seguinte à posse.

O aumento dos casos nas últimas semanas levaram o governo equatoriano a decretar estado de exceção, com toque de recolher das 20h às 6h em oito províncias, entre as quais as mais populosas, onde estão as principais cidades do país, como Quito e Guayaquil. Também há um rodízio de carros durante a semana e o fechamento de parte do comércio e dos parques.

Segundo as autoridades, foram detectadas a presença no Equador das variantes do coronavírus de Manaus e a britânica. Alguns hospitais da capital equatoriana, como o Quito Sur, um dos mais importantes do país, já reportaram superlotação dos leitos de UTI. “Estamos com ocupação de 145%”, disse Francisco Mora, coordenador de vigilância epidemiológica do centro de saúde.

Para ele, o país “está num ponto muito crítico”. “Estamos entrando num pico, e nosso sistema de saúde já dá várias mostras de estar saturado.” Ele conta que há pacientes esperando por atendimento nos corredores e em camas improvisadas em salas antes dedicadas a exames ou a outros procedimentos.

Neste momento, em vez de Guayaquil, Quito parece ser o epicentro da nova alta de casos no país. Devido ao agravamento da situação sanitária, os eventos de encerramento da campanha eleitoral, que seriam realizados presencialmente nesta quinta e na sexta-feira, estão sendo realizados de modo virtual.

Sylvia Colombo, Folhapress
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