Foto: Reprodução / TV Câmara de Salvador
O vereador Orlando Palhinha (DEM) apontou "politicagem" contra Teobaldo 14 de junho de 2021 | 17:55

Com ausência de Teobaldo, vereadores travam “guerra de narrativas” sobre culpa no caso Atakarejo

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Os vereadores da base do prefeito Bruno Reis (DEM) utilizaram os pronunciamentos na sessão da tarde desta segunda-feira (14), na Câmara Municipal de Salvador, para defender o empresário Teobaldo Costa, fundador do Atakadão Atakarejo. Segundo os parlamentares governistas, o dono da rede de supermercados está sendo alvo de “politicagem” realizada nas Comissões de Reparação e de Direitos Humanos da Casa, que, por meio de audiências públicas, buscam esclarecer o assassinato de Bruno e Yan Barros da Silva.

No dia 26 de abril de 2021, Bruno Barros da Silva, 29 anos, e Ian Barros da Silva, 19 anos, foram mortos por traficantes após terem sido presos por seguranças do estabelecimento no Nordeste de Amaralina. Integrante da Comissão de Reparação, o vereador Orlando Palhinha (DEM), que não compareceu a audiência pública declarou que “é inadmissível fazer, da figura de um empresário, demônio”. O democrata disse que o que ocorreu “foi um ato de irresponsabilidade, falta de profissionalismo e de humanidade” não do empresário, mas dos funcionários da empresa terceirizada que faziam o serviço de segurança na unidade.

“A empresa terceirizada tem que ser e deve ser penalizada”, sustentou Palhinha, para quem a Comissão de Reparação faz o papel dela. “Mas não podemos pegar o empresário Teobaldo Costa. Isso é papel da polícia”, defendeu o vereador, que tenta isentar o ex-candidato a prefeito de Lauro de Freitas de qualquer responsabilidade sobre o fato. O vereador ainda sustentou que a “reparação” aos jovens mortos deve ser feita pela Justiça, não pelas comissões da Casa.

A líder da Oposição, vereadora Marta Rodrigues (PT), disse que o não comparecimento de Teobaldo à audiência do dia 2 de junho e a posterior afirmação de que não mais integra a direção da rede que fundou “é um desrespeito a essa Casa e precisamos fazer valer os nossos direitos”. A petista continuou: “o que aconteceu foi uma tentativa de furto famélico, que não foi consumado. O que houve foi um tribunal dentro do mercado, uma polícia paralela”. Marta ainda ressaltou ter ouvido de representantes de Sindicato dos Vigilantes que a prioridade no Atakarejo era com a mercadoria e não com a vida das pessoas. “Dizer que (Teobaldo Costa) não pertence mais à direção (do Atakadão Atakerejo) é muito desrespeitoso”, salientou Marta.

Mudança de foco

O vereador Palhinha e também a vereadora Cris Correia (PSDB) levaram à discussão os altos índices de violência em Salvador e na Bahia. O democrata apontou o balanço que apontava para os 6.787 assassinatos no estado, “fruto da falta de educação e de políticas públicas”. “Vamos chamar aqui na Comissão de Reparação a discussão sobre a violência na Bahia”, sugeriu o democrata.

A vereadora tucana lembrou o recente assassinato de Wallace Souza Santos, na sexta-feira (11), enquanto ele entregava sorvete no subúrbio soteropolitano. Cris Correia citou o caso do jovem e comentou: “ia fazer a entrega rotineira de sorvete e foi vítima da guerra de facções no subúrbio ferroviário”. A vereadora ressaltou que na Bahia não há política pública eficiente para combater essa guerra.

“Temos pelo quinto ano consecutivo, segundo o Atlas da Violência, temos o maior número de mortes por homicídio. Está na hora do governador (Rui Costa) mostrar a que veio”, declarou a vereadora Cris Correia. No contraponto, o vereador Sílvio Humberto (PSB) disse que “o Atakarejo tem responsabilidade, sim, sobre o que aconteceu em suas dependências”. O socialista apontou ainda que o episódio não foi “um caso à toa”.

Já o presidente da Comissão de Reparação, Luiz Carlos Suíca (PT), apontou que a Casa deveria ouvir “o homem que ganhou mais dinheiro na pandemia, vendendo cesta básica. Não coloque a culpa naqueles pretos (os seguranças) que estavam lá trabalhando”, disse o petista, em resposta a Palhinha. O democrata, por sua vez, destacou que “Teobaldo é um cidadão que veio de baixo e sabe o que é miséria” e que a Casa não poderia querer jogar “na sarjeta” um empresário que gera mais de seis mil empregos.

Convocação

Após a rede Atakarejo informar que o empresário Teobaldo Costa não representa mais a empresa desde o mês de abril de 2020, o presidente da Comissão de Reparação da Câmara de Salvador, vereador Luiz Carlos (PT), solicitou a presença de membro da atual Diretoria Executiva para que compareça à audiência do dia 16 de junho, próxima quarta-feira. O petista frisou a importância da reparação nesse caso envolvendo a morte de dois jovens negros. No dia 2, Teobaldo não compareceu ao primeiro convite feito pelos edis soteropolitanos.

Davi Lemos
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