Foto: Daniel Marenco/Folhapress
Petrobras 04 de agosto de 2021 | 20:52

Petrobras reverte prejuízo e tem lucro de R$ 42,85 bi no segundo trimestre

economia

Com o consumo de combustíveis subindo, a Petrobras reverteu o prejuízo do segundo trimestre de 2020 e registrou lucro de R$ 42,85 bilhões, no período de abril a junho deste ano, num crescimento de 3.572% sobre o mesmo período do ano passado. A valorização do petróleo também ajudou a empresa. O barril da commodity do tipo brent, negociado na Europa e usado como referência pela estatal, ultrapassou o patamar de US$ 70. Além disso, a companhia contou com a ajuda da valorização do real frente ao dólar para reduzir o endividamento, já que a maior parte dos seus compromissos é atrelada à moeda americana e a sua receita é pautada pelo real.

Num breve comentário do resultado, o presidente da companhia, general Joaquim Silva e Luna, salientou o caráter técnico da empresa e não político. “Continuamos trabalhando duro, amparados em decisões absolutamente técnicas; evoluindo e tornando-nos mais fortes para melhor investir, suprir um mercado cada vez mais exigente e gerar prosperidade para nossos acionistas e para a sociedade”, afirmou. A fala do presidente da companhia reforça a tese de que a empresa não atua seguindo os interesses do presidente da República, Jair Bolsonaro, que acenou, recentemente, para um subsídio da estatal ao botijão de gás.

O resultado do segundo trimestre veio acima do esperado pelo mercado. A projeção era de lucro líquido de R$ 25 bilhões, segundo a média de quatro casas (BTG Pactual, Itaú BBA, Santander e Credit Suisse) e do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), ouvidos pela reportagem.

Com esse resultado, a Petrobras deixa para trás o “fantasma” da covid-19. Em igual período do ano passado, a empresa amargou o pior momento da crise, diante de um cenário perverso de queda do petróleo e do consumo interno, simultaneamente. A consequência dessa junção foi o prejuízo de R$ 2,71 bilhões, registrado no segundo trimestre de 2020. Na época, a única venda da petrolífera que se manteve crescendo foi a de gás de cozinha (gás liquefeito de petróleo), por causa da corrida da população para estocar produtos essenciais, principalmente, para a alimentação.

O segundo trimestre deste ano já reflete a flexibilização das medidas de isolamento social e enfrentamento da pandemia. O comércio de óleo diesel, usado em caminhões, subiu ancorado no crescimento do setor agrícola. O volume comercializado cresceu 28,8% comparado a igual período de 2020. E, mesmo em relação ao trimestre anterior, houve um avanço, de 11,4%. As vendas de gasolina também cresceram – 36,9% e 12,7%, considerando a mesma base de comparação.

“A Política de Paridade Internacional impactou positivamente o resultado da empresa, apesar de um maior espaçamento entre os reajustes a partir da posse do Silva e Luna. Com relação às exportações, importante destacar que a empresa vem tendo sucesso na estratégia de diversificar os mercados, diminuindo a dependência em relação ao mercado chinês”, avaliou Henrique Jager, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

A Petrobras ainda foi favorecida por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que excluiu a parcela de ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins cobrados na venda dos seus produtos. Isso rendeu à empresa uma receita extraordinária de R$ 4,8 bilhões. No trimestre, também pesou a seu favor a venda da BR Distribuidora e o pagamento de uma parcela da participação remanescente de 10% da NTS ao fundo de investimento gerido pela Brookfield e pela Itaúsa, atuais controladores da empresa operadora de gasodutos.

“O recebimento de valores referentes a estas transações, juntamente com o adiantamento recebido pelas assinaturas dos polos Peroá, Miranga e Alagoas e dos campos de Papa-Terra e Rabo Branco, resultaram em uma entrada de caixa de US$ 2,8 bilhões até 3 de agosto”, informou a empresa.

Estadão Conteúdo
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