Foto: Daniel Teixeira/Estadão/Arquivo
Bolsa de Valores 22 de outubro de 2021 | 18:00

Apoio de Bolsonaro a Guedes e ‘fico’ do ministro fazem dólar cair 0,7%; Bolsa recua 1,3%

economia

A visita do presidente Jair Bolsonaro ao Ministério da Economia na tarde desta sexta-feira, 22, e a reiteração do seu apoio ao ministro Paulo Guedes – que também manifestou sua decisão de permanecer no governo -, deram espaço para que o mercado buscasse uma recuperação, em uma semana de perdas acentuadas. No câmbio, o dólar, que bateu em R$ 5,75 na máxima do dia, encerrou o dia com queda de 0,71%, a R$ 5,6273. Já a Bolsa brasileira (B3) estancou parcialmente as perdas e fechou em baixa de 1,34%, aos 106.269,18 pontos.

O Ibovespa termina a turbulenta semana com baixa de 7,28% No pior momento do dia, o índice caía mais de 4%, aos 102 mil pontos. Durante o pronunciamento no Ministério da Economia, ele chegou a flertar com o positivo. No câmbio, o dólar teve uma recuperação melhor, saindo de máxima a R$ 5,7549 para fechar bem perto da mínima do dia, de R$ 5,6288.

“Vamos ficar até o fim do governo”, disse Guedes em pronunciamento ao lado de Bolsonaro. A declaração trouxe alívio, principalmente após as especulações em torno da permanência do ministro. Momentos antes, Bolsonaro disse que tem absoluta confiança em Guedes e que ele entende “as aflições que o governo passa”. O presidente repetiu que a economia voltou em ‘V’ e que não quer “colocar em risco nada no tocante à economia”. “A economia está ajustada, não existe solavanco ou descompromisso”.

As declarações veem após o acordo feito pelo governo para mudar a regra do teto de gastos e permitir R$ 83,6 bilhões em gastos extras – já aprovado pela comissão especial da PEC dos precatórios -, para conseguir acomodar o Auxílio Brasil de R$ 400. O arranjo resultou em uma debandada na equipe de Guedes, com a baixa de dois importantes membros do ministério: Bruno Funchal (secretário especial do Tesouro e Orçamento) e Jeferson Bittencourt (secretário do Tesouro).

Hoje, foi confirmado que o atual chefe da Assessoria Especial de Relações Institucionais da Economia, Esteves Colnago, irá assumir o lugar de Funchal. O nome de Colnago tem peso dentro do governo pelo bom trânsito do ex-ministro com o Congresso, algo que a equipe econômica precisa nesse momento. Além disso, tem a experiência acumulada enquanto ministro do Planejamento do governo Michel Temer.

Em pronunciamento, Guedes relativizou a situação e disse que é “natural que a política queira furtar o teto e gastar mais”, mas que está de olhos nos limites. “Isso não é uma falta de compromisso, é uma coisa muito ponderada”. O ministro também disse que não vai deixar ninguém passar fome para tirar 10 no fiscal.

A agência de classificação de risco Fitch Rating informou que está monitorando as mudanças que o governo quer fazer no teto de gastos para acomodar o aumento de gastos sociais, que devem afetar o desempenho da economia e a inflação. A diretora-gerente e responsável pelo rating do Brasil, Shelly Shetty, afirmou que uma das avaliações que estão sendo feitas pela Fitch é se as mudanças propostas no teto vão abalar a credibilidade na principal âncora fiscal do Brasil.

Ao afetar a confiança dos investidores, provocando fortes perdas nos ativos brasileiros, Shelly ressalta que os dribles no teto podem prejudicar a dinâmica de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e ainda trazer mais inflação.

Nesse cenário, os juros futuros também fecharam em alta, refletindo a percepção de que o Banco Central terá que ser mais agressivo com a política monetária – na semana que vem o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para definir a nova taxa Selic, hoje em 6,25% ao ano.

Do lado dos analistas, as projeções para a Selic antes do Copom também continuam a subir, com o Bradesco, por exemplo, falando aumento de 1,25 ponto porcentual na quarta-feira que vem.

Estadão Conteúdo
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